Médicos denunciam atrasos nos planos de contingência da gripe por demora do Ministério das Finanças

por RTP
Foto: Regis Duvignau - Reuters

A Ordem dos Médicos denuncia que o Ministério das Finanças está a atrasar a aplicação dos planos de contingência da gripe. Em declarações ao Jornal de Notícias, Miguel Guimarães explica que as autorizações para novas camas e a contratação de novos profissionais estão a demorar a sair do Terreiro do Paço.

O bastonário garante que esta situação se verifica em vários hospitais. “As autorizações chegam às pinguinhas, às vezes só são autorizadas metade das camas e outras vezes são autorizadas sem pessoal”, afirma ao Jornal de Notícias.

Estes atrasos põem em causa o respeito pelos planos de contingência para a gripe, sobretudo nos casos em que é necessário abrir novas camas ou contratar novos profissionais.

O Jornal de Notícias cita o caos dos hospitais de Gaia, Aveiro e Faro. Em Gaia, as primeiras 20 camas do plano de contingência abriram quase sem novos profissionais e foram precisas quase duas semanas para ser autorizada a abertura de mais 19 camas.

O diretor clínico reconhece que “tem havido dificuldades em agilizar a autorização das Finanças”. No Baixo Vouga, o plano de contingência tem sido suportado por horas extraordinárias dos profissionais dos diferentes hospitais, uma vez que não foi ainda autorizada a contratação de novos enfermeiros e assistentes, revela o diário.

Já na última semana, a equipa de enfermagem das urgências do Hospital de Faro tinha denunciado a incapacidade do serviço em responder às necessidades.

Os enfermeiros falam em excesso de carga horária e falta de profissionais com consequências graves para os doentes e divulgaram imagens que ilustram a situação de sobrelotação vivida na última semana. A Ordem dos Enfermeiros garante que as imagens são autênticas e apela a que outros profissionais denunciem casos similares.
Mais autonomia
Perante estas situações, a Ordem dos Médicos pede autonomia para que os conselhos de administração dos hospitais possam reforçar os serviços sem ser necessária a aprovação do Ministério das Finanças.

Com os serviços em risco de rutura, o Sindicato Independente dos Médicos pede ao ministro da Saúde a abertura imediata de concursos para os médicos recém-especialistas que acabaram o internato médico no ano passado. Roque da Cunha critica ainda as visitas do primeiro-ministro e do ministro da Saúde com "ar sorridente" às urgências hospitalares.

"Nós sabemos que mal fecham os olhos, lá estão as macas no serviço de medicina de Santa Maria. Lá estão as macas a acumularem-se nos vários serviços de urgências quando têm cerca de várias centenas de médicos para contratar", acusa o sindicalista.

A medida é aguardada por mais de 700 médicos que acabaram recentemente a especialidade. Em declarações à Antena 1, o sindicato diz não entender a demora quando se aproxima o pico da gripe e que são necessários tantos médicos nos serviços de urgência.

A Antena 1 confrontou o Ministério da Saúde com o apelo do Sindicato independente dos Médicos, não tendo ainda recebido resposta da tutela.
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