O líder do PSD/Algarve, Mendes Bota, afirmou hoje que o mau resultado nas eleições de Lisboa este domingo, e cujo vencedor foi o candidato socialista António Costa, tem como culpado Marques Mendes.
"Marques Mendes apontou o dedo a si próprio, para indicar o responsável pelo mau resultado do PSD, numa atitude que se saúda", disse à Lusa Mendes Bota.
Após conhecer os resultados das eleições Marques Mendes disse: "O resultado é mau. A responsabilidade é minha e assumo-a por inteiro. Vou propor aos órgãos do PSD a antecipação das eleições directas à liderança do partido, naturalmente serei candidato", disse.
O líder do PSD/Algarve comentou ainda que o eleitorado social-democrata de Lisboa quis penalizar o PSD pela gestão danosa na câmara de Lisboa.
"Fernando Negrão disse a verdade: o eleitorado quis penalizar fortemente o PSD, pela gestão danosa do processo político que levou ao desastre autárquico", referiu Mendes Bota.
Mendes Bota classificou esta eleição de "singular" e lembra que todos candidatos perderam alguma coisa: "eleição singular esta. Todos perderam. O PS ficou muito abaixo das previsões de todas as sondagens, e deve ter batido o recorde da vitória mais magra da história, ficando muito longe da maioria".
Os independentes de Carmona Rodrigues, por seu turno, "sonharam com a vitória, já se contentavam com quatro vereadores e não os tiveram, e por pouco baixavam ao terceiro lugar", "o PCP e o BE baixaram de votação, e o CDS-PP perdeu a representação", recordou Mendes Bota.
O líder do PSD/Algarve referiu ainda que o facto de Helena Roseta ambicionar "um pouco mais".
Ficámos com uma Lisboa das seis colinas políticas", ironizou a deputado social-democrata
Questionado pela agência Lusa sobre se o facto de Marques Mendes ter antecipado para a seguir ao Verão as eleições directas não poderia ser um sinal indirecto de um fim de um ciclo, Mendes Bota afirmou que era demasiado cedo para comentários.
"É demasiado cedo para comentários. Mas, subitamente, abriu-se uma nova janela de oportunidade para o PSD. O PS de José Sócrates é perfeitamente batível em 2009", admitiu.
António Costa, ex-ministro do Interior, converteu-se este domingo no novo presidente da Câmara de Lisboa, ganhando em todos os bairros e conduzindo o PS à sua primeira vitória sem coligações em 31 anos.
Foi eleito com seis dos 17 vereadores da autarquia, com 29,54 por cento dos votos.
O independente Carmona Rodrigues conseguiu a segunda posição, com 16,7 por cento dos votos, e mostrou-se disponível para promover com António Costa "acordos pontuais para o orçamento, para ao Plano Director, para a reestruturação das empresas municipais".
Fernando Negrão (PSD)elegeu tantos vereadores quantos Carmona - três - graças aos 15,74 por cento que alcançou.
A independente Helena Roseta alcançou a quarta posição, com apenas 10.21 por cento, elegendo dois vereadores e garantindo que se recusará a prescindir dos seus ideais "a troco de qualquer lugar na vereação".
A CDU conseguiu 9,53 por cento dos votos, o que lhe garante a eleição de dois vereadores, tendo o seu cabeça-de-lista, Ruben de Carvalho.
O Bloco de Esquerda "aguentou" o lugar que detinha na vereação, graças a uma votação de 6,81 por cento, tendo o seu cabeça-de-lista, José Sá Fernandes.
Com apenas 3,7 por cento dos votos, o CDS/PP não elegeu nenhum vereador - algo que nunca aconteceu na história democrática da Câmara de Lisboa - o que levou Telmo Correia a anunciar que vai pedir a demissão da vice-presidência do partido e da liderança da bancada parlamentar.
