"Mantenho a minha posição". Ventura insiste em castração química "para pedófilos ou abusadores de menores"
André Ventura diz-se coerente nas posições políticas que toma e, por isso, vai "exigir consequências" no processo que envolve o deputado municipal Nuno Pardal Ribeiro. E reafirmando a congruência das palavras e dos atos, enquanto líder do Chega, manifestou-se chocado com as acusações e defendeu, uma vez mais, a "castração química para pedófilos, ou para abusadores de menores".
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, André Ventura anunciou que o partido abriu “um processo interno para que seja averiguada toda a circunstância”, considerando que o caso "é grave" e é suficiente para levar à expulsão de Nuno Pardal Ribeiro do partido.
"Um líder não escolhe os casos, mas escolhe a reação que tem aos casos. E escolhe a reação que tem àquilo que acontece. A minha é dizer-lhes que têm de sair".
Questionado se os membros e representantes do partido não deviam ter um maior escrutínio, André Ventura respondeu que são "pessoas que não tem cadastro nenhum criminal".
"São pessoas que não têm problemas com a Justiça e depois têm problemas com a Justiça. O que distingue isto é os presidentes de partidos que os protegem, que olham para o lado", continuou, referindo a Luís Montenegro em relação a Miguel Albuquerque.
O Chega tem casos como o de Nuno Pardal Ribeiro e, na opinião de André Ventura, "estes elementos não podem ser candidatos a nada".
"Têm de sair", continuou, acrescentando que a reação do partido é a de "intolerância ao crime". O líder do Chega já defendeu, em diferentes ocasiões, a castração química como punição para crimes de índole sexual. Considerando as acusações contra o deputado municipal por prostituição de menores, Ventura repetiu a sugestão anteriormente declarada: "se fosse o meu pai, o meu irmão, ou alguém da minha família que cometesse crimes contra menores, eu defenderia exatamente a mesma castração química para pedófilos, ou para abusadores de menores, como defendo para todos os outros". "Eu não tenho dois critérios. Acho mesmo que nós, na política, temos de ser coerentes. Se defendemos que os crimes contra menores são abjetos, não podemos dizer que há castração química para uns e não há para outros", repetiu.
Embora negue que tenha dito o mesmo ao deputado do Chega alvo de acusações, o presidente do Chega voltou a insistir que "quem é abusador de menores deve ser castrado".
"Acho relevante dizer ao país que mantenho a minha posição", sublinhou ainda.
E essa, na ótica de Ventura, "é a diferença" entre os líderes partidários: "eu não sou um político igual aos outros, quero mesmo fazer esta diferença".
André Ventura afirmou ainda estar chocado com o processo e as acusações do Ministério Público, conhecidas esta quinta-feira, mas que isso "reforça" a ideia de que é necessária a castração química e de agradecer à Justiça "por fazer o trabalho de escrutínio".
Dirigindo-se aos jornalistas disse: "Vejam André Ventura, líder do Chega: obrigada Justiça".
E deixou um recado “ao país todo e para dentro do partido também”: “o Chega é intolerante com o crime, o Chega tem tolerância zero para o crime, seja ele cometido por quem for”.
“E, portanto, nós não temos um critério para uns e outro critério para outros, sejam membros do partido, dirigentes, deputados municipais, autarcas, seja o que for. Crimes desta natureza, desta gravidade, têm que ter uma consequência imediata, esta consequência imediata é o abandono e a renúncia de todos os cargos que são ocupados”, indicou.
Nuno Pardal foi eleito deputado municipal do Chega nas últimas autarcas, mandato ao qual tenciona renunciar. Era também vice-presidente da distrital de Lisboa, cargo que já deixou, e ainda conselheiro nacional. O deputado municipal do Chega acusado pelo Ministério Público de dois crimes de prostituição de menores agravados cometidos contra um rapaz de 15 anos, que conheceu no Grindr, uma aplicação usada para convívio entre homossexuais. Telejornal, 6 de fevereiro de 2025
Uma vez que o partido defende a castração química de pedófilos, o líder do Chega foi questionado se este caso se incluiria e respondeu que “quem é abusador de menores deve ser castrado”, independentemente de quem for.