Mais um segurança da noite assassinado a tiro no Porto

por RTP
O segurança foi morto a tiro de metralhadora à porta de casa RTP

Atingido a tiro ao fim da noite em Vila Nova de Gaia, quando saia de casa, um segurança não resistiu e acabou por falecer no hospital. É a sexta morte associada à vida nocturna no Porto desde o passado mês de Maio.

O segurança ia mudar de casa e estava a carregar com o irmão uma carrinha com pertences pessoais.

Quando saía de casa, perto da Rotunda de Santo Ovídeo, com o seu irmão, foi surpreendido por indivíduos encapuzados que o esperavam dentro de um carro e que, disparando várias rajadas de metralhadora, o atingiram com vários tiros no corpo, pondo-se em fuga logo de seguida.

O “Berto”, assim era conhecido o segurança, ainda foi transportado para o Hospital de São João, onde terá chegado já inanimado. Segundo fonte hospitalar, citada pela agência Lusa, terá ainda sido tentada uma reanimação mas dada a gravidade dos ferimentos não resistiu e acabou por falecer.

Terá sido atingido com dez tiros. O irmão, que estava com o segurança na altura dos disparos, também foi transportado para o hospital de Gaia mas por estar em estado de choque e não por ter sido atingido com qualquer bala.

O facto de apenas "Berto" ter ficado cravejado de balas, tendo o irmão ao seu lado, leva a polícia a acreditar ser o segurança o alvo a abater.

Testemunha ocular disse à Lusa que ouviu a viúva da vítima gritar, ao ver o marido atingido por vários disparos, "filhos da p. da Ribeira. Prendam esses gajos".

Para o vizinho da vítima esses gritos identificavam os atacantes do segurança como fazendo parte do "grupo da Ribeira". Afirmou mesmo que a chegou a ouvir pronunciar o nome de um dos cabecilhas, o que dá a entender que foram claramente identificados pela viúva.

"Berto" estava em "liberdade condicional após ter cumprido parte de uma pena de prisão por homicídio ocorrido numa discoteca", de acordo com fonte policial da Lusa. Tinha 36 anos e foi detido em Abril de 2002 acusado de um crime de homicídio ocorrido a 4 de Fevereiro de 2001, na discoteca "Number One", no Porto. À sua conta estavam também uma série de condenações por crimes violentos contra pessoas e contra a propriedade.

Os incidentes na "Number One" terão resultado de um desentendimento entre um funcionário da discoteca e um cliente.

"Berto", que exercia a função de segurança nesse estabelecimento de diversão nocturna, única profissão que lhe era conhecida, respondendo a um apelo do funcionário, dirigiu-se ao cliente e, quando este já abandonara o estabelecimento, agrediu-o com um violento pontapé na cabeça, vindo este a falecer dois dias mais tarde devido às lesões cerebrais provocadas pela agressão.

De acordo com fonte policial citada pela agência Lusa o indivíduo era um "homem de mão" do empresário Aurélio Palha, proprietário da discoteca “Chic”.

O empresário foi assassinado no passado mês de Agosto, a tiro, por desconhecidos que dispararam de um carro em andamento quando este se encontrava a conversar com um dos seus guarda-costas, o mesmo que agora foi morto.

A “noite” portuense tem visto desde Maio passado a violência aumentar, registando-se até ao momento seis mortos. Há apenas 12 dias, um outro segurança foi assassinado na capital nortenha, abatido a tiro na zona ribeirinha da Alfândega.

A polícia acredita que na base destes homicídios estará a luta entre grupos de segurança rivais pelo domínio do território.

Autarcas e responsáveis portuenses já reclamaram pelo reforço dos meios policiais e de segurança na Invicta.

Vídeovigilância no Porto

A Câmara Municipal do Porto, preocupada com o incremento da criminalidade e da insegurança na noite citadina, apresentou há sete meses uma proposta ao Ministério da Administração Interna para a instalação de um sistema de videovigilância na zona histórica do Porto.

Este ministério, que tutela a área e a quem compete dar autorização para a instalação e o manuseamento de tal sistema, só agora é que desbloqueou a autorização que concretiza a proposta camarária.

O vereador Sampaio Pimentel, responsável pelo pelouro da Protecção Civil, lamentou, em declarações à Lusa no passado dia 12 de Novembro, que a referida proposta tivesse estado “parada” nove meses no gabinete ministerial.

Uma vez autorizada a implementação de tal sistema pela Comissão Nacional de Protecção de Dados o despacho que autoriza a instalação e utilização deste meio de vigilância é assinado hoje.

O sistema não é novo e mostra-se, onde já é utilizado, útil e eficaz. Em Amesterdão, por exemplo, é usado no famoso bairro da "Luz Vermelha”, com resultados, de acordo com a polícia holandesa, satisfatórios, já que permitem uma intervenção rápida e eficaz dos meios policiais.

O sistema implica a instalação em vários locais da zona histórica do Porto de câmaras de vídeo ligadas a uma central que permitirão a monitorização permanente e respectiva gravação de imagens de tudo o que passa nessas ruas.

O sistema pode ainda revelar-se um poderoso instrumento na acusação de eventuais prevaricadores junto do sistema judicial.
PUB