Maior eclipse solar do ultimo século visível em Portugal

por Agência LUSA

O maior eclipse solar visível em Portugal nos últimos cem anos ocorrerá no próximo dia 3 de manhã, quando se registar "um alinhamento perfeito" entre o Sol, a Lua e a Terra.

As condições de observação serão melhores no norte do país, especialmente no distrito de Bragança, onde apenas um anel de luz ficará visível.

Será um eclipse anelar, o que acontece "sempre que há um alinhamento perfeito entre o Sol, a Lua e a Terra", explicou à Lusa Rosa Doran, do Núcleo Interactivo de Astronomia (Nuclio).

De acordo com a especialista, este fenómeno "tem a ver com o facto de a Lua estar no ponto de órbita mais próximo da Terra", e assim, os diâmetros aparentes do Sol e da Lua vistos a partir do planeta são muito próximos.

Dessa forma, durante cerca de cinco minutos da manhã de 3 de Outubro, a Lua vai sobrepor-se totalmente ao Sol, ficando visível apenas um anel de luz em torno da Lua, razão por que se chama a este tipo de eclipse anular ou anelar.

Contudo, o eclipse anular perfeito só será visível no norte do país, que será atravessada pela chamada "faixa de anularidade", embora o fenómeno seja visível, como eclipse parcial, em todo o país.

A faixa de anularidade, ou faixa central, começa no Atlântico Norte, passa pelo Norte de Portugal, Espanha, Ilhas Baleares, e cruza o continente africano em direcção a sudeste, passando pela Argélia, Tunísia, Sudão, sudoeste da Etiópia, Quénia e extremo sul da Somália, terminando no Oceano Índico.

Em Portugal, os distritos privilegiados são os de Braga, Vila Real, Viana do Castelo e sobretudo Bragança, situados dentro dessa estreita faixa de visibilidade ao longo da qual o disco lunar oculta o centro do disco solar.

Quem estiver nesta zona pode observar durante perto de cinco minutos o auge do eclipse (por volta das 09:54), que começa às 08:38 e termina às 11:16, hora de Lisboa.

Segundo Rosa Doran, "os eclipses em si não são fenómenos raros, já que ocorrem várias vezes por ano, o que é raro é acontecerem no mesmo local".

O último eclipse anular em Portugal ocorreu em 1912 e o próximo só voltará a acontecer em 2028.

Apesar de aconselhar toda a gente a observar o eclipse, de preferência a partir de Bragança, onde o Nuclio está a organizar uma série de eventos em torno do fenómeno, Rosa Doran recomenda vivamente o uso de óculos especiais para o efeito e alerta para o perigo de se olhar para o sol sem protecção.

"As farmácias comercializam por essa altura uns óculos especiais para observar o Sol e que são baratos", afirmou, sublinhando que "não se deve olhar de maneira nenhuma para o sol sem protecção adequada".

Óculos de sol normais, radiografias, negativos de fotografias ou outros artefactos que pareçam proteger da luz solar são totalmente proibidos, frisou Rosa Doran, alertando que "o sol queima a retina e é indolor, só passado um bocado é que se começa a ver uma mancha", alertou.

O Nuclio está a organizar um grande evento que começa no fim- de-semana e termina na segunda-feira (de 1 a 3 de Outubro) em que se dá o eclipse.

Do programa consta iniciativas desportivas, culturais, ambientais e astronómicas, como escalada, rappel, tiro com arco, campeonato de trivial, xadrez, concertos musicais, passeios pedestres, passeios de burro, exposições e palestras astronómicas, além da observação do eclipse solar e do céu nocturno através de telescópios.

O Nuclio proporciona inclusivamente as viagens de ida e volta para Bragança a partir de Lisboa, Coimbra e Porto. Para dormir, os interessados podem optar por hotel ou levar tenda de campismo e acampar no Parque de Montesinho.

PUB