Mãe termina greve de fome mas mantém o protesto

por RTP
Ana Rita frisa que a decisão foi tomada "pelo bem do Martim" Tiago Petinga/Lusa

Ana Rita Leonardo, a mãe adolescente que quer rever o filho que foi dado para adopção, cancelou a greve de fome. A decisão foi tomada depois da Comissão de Protecção de Menores de Cascais ter recordado de que a jovem mãe é também ela menor, e ter alertado os pais de Ana Rita de que poderiam perder a tutela da filha, caso continuasse a greve de fome.

No entanto, o protesto mantém-se e é agora a avó materna do Martim que está em greve de fome.

"Queriam que os meus pais assinassem um papel para se responsabilizarem sobre a minha greve de fome, mas os meus pais não assinaram", revelou Ana Rita Leonardo, que acrescentou que perante esta recusa a Comissão de Protecção de Menores de Cascais "ameaçou os pais" de lhes retirar a filha e entregá-la a uma instituição caso continuasse a greve de fome.

"A minha advogada disse que era menor não contrariar e por tudo isso vou parar a greve de fome, que vai a partir de agora ser feita pela minha mãe", declarou a menor, que frisa que a decisão foi tomada "pelo bem do Martim".

Ana Rita Leandro afirma "que está cansada mas não derrotada" acrescentado que não vai "desistir" de lutar para ficar com o filho.

"Vou assumir esta greve de fome e vou continuar a dormir à porta do Tribunal de Cascais, até que seja tomada a decisão de devolver o Martim", frisou.

Luís Villas-Boas apoia a luta da mãe de quinze anos

Martim, de dois anos e meio, foi entregue para adopção por ordem judicial em 2007 e desde essa altura que se encontra no Refúgio Aboim Ascensão em Faro. Ontem Luís Villas-Boas, director da instituição algarvia, revelou que sugeriu a reavaliação das condições que levaram à entrega para adopção do filho de Ana Rita Leonardo "na qualidade de psicólogo clínico e não como director da instituição".

"Era um imperativo de consciência como psicólogo clínico, homem e pai pedir a reavaliação da situação da mãe e da família por parte da mãe e do pai e pedi ao tribunal que fosse dilatado o prazo de adopção para se fazer isso", sublinhou Villas-Boas.

O director do Refúgio Aboim Ascensão afirma que desde 2007, altura em que a criança foi levada para a instituição, a situação da mãe do Martim mudou e que "as condições que levaram à adopção em 2007 podem não ser as mesmas".

"A situação que o Tribunal avaliou em 2007 era a de uma mãe que tinha 13 anos e não tinha condições emocionais e materiais para tomar conta do filho. A partir do momento em que o processo demora dois anos e tal a transitar em julgado as coisas podem ter-se alterado".

"Com quase 16 anos, esta jovem tem tudo a seu favor para ser uma boa mãe. Quero vê-la com o Martim ao colo", concluiu.

Para Ana Rita, a posição de Luís Villas-Boas, "reacende a sua esperança em recuperar o filho".

"Agora está nas mãos da juíza e só espero que o Tribunal de Cascais seja compreensivo, que finalmente se sensibilize com o meu caso e, principalmente, que seja rápido", declarou Ana Rita.

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