Maçonaria lamenta pouco empenho dos políticos na resolução dos problemas

por Lusa
Fernando Cabecinha lança críticas aos políticos António Pedro Santos - Lusa

O grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) mostrou-se preocupado com a degradação do direito à habitação ou à saúde e criticou a falta de empenho dos eleitos na resolução destes problemas.

"Vivemos uma crise internacional, mas também nacional. Hoje o direito à habitação tem de ser melhorado", como "o direito a um ensino de qualidade, o direito à saúde, que é fundamental para todos" ou o "direito a uma justiça equitativa", afirmou, em entrevista à Lusa, Fernando Cabecinha.

Os "pilares da democracia estão todos em crise, muito por ação dos atores sociais", porque "parece que se perdeu a noção de serviço público", disse.

"Os eleitos são eleitos para promoverem o bem-estar dos cidadãos e penso que isto está hoje afastado da realidade", lamentou.

Essa preocupação com a coisa pública é uma prioridade da organização com os seus membros, independentemente do cargo ou das funções que ocupem.

"Obviamente faz parte da prática que se requer a qualquer maçom que tenha noção, quando está em cargos públicos, que tenha essa noção de serviço público" e de "estarem ao serviço dos cidadãos", afirmou Fernando Cabecinha, rejeitando que a organização vise algum tipo de liderança política ou social.

"Nós procuramos ser uma elite moral e não uma elite social" e os membros têm "profissões que impactam mais ou menos na sociedade", explicou.

Contudo, o objetivo é ajudar os obreiros a "desenvolverem-se para serem mais úteis à sociedade", numa lógica inorgânica, que segue os princípios humanistas que levaram à fundação da maçonaria.

"A maçonaria é feita pelos maçons e é inorgânica na sua ação", disse Fernando Cabecinha, dando o exemplo do 5 de Outubro de 1910, quando "havia maçons do lado republicano e do lado dos monárquicos".

"Quem trabalha na sociedade são os maçons, têm as suas responsabilidades e vêm aqui colher os ensinamentos, os conhecimentos para melhor atuarem na sociedade, quer no plano social, da filantropia, cultura ou educação", explicou.

Eleito há dois anos, Fernando Cabecinha entra agora no seu último ano de mandato sem esclarecer se será recandidato. "Ainda é cedo", sorri.

Apesar disso, faz um "balanço positivo" do trabalho, procurando recuperar a organização após a pandemia.

Com 103 lojas espalhadas pelo país e 2500 membros (mais cem que no início do mandato), Fernando Cabecinha diz que o GOL mantém capacidade de atração de novos elementos, mesmo num tempo em que o prestígio está associado à visibilidade pública.

"A desilusão que as pessoas vão sentindo em relação a outras organizações, torna a maçonaria interessante", disse.

 

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