Lotação das prisões, falta de guardas e várias "deficiências" de segurança

por Cristina Santos - RTP
Lusa

A Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça (IGSJ) fez a auditoria às condições de segurança das 49 prisões, pedida pela ministra da Justiça. O relatório revela que existem torres de vigilância que não funcionam, não há "uniformização de configuração das câmaras" de vigilância e existe "falta de sistemas que impeçam o arremesso de objetos".

A IGSJ sublinha a necessidade de avaliar a lotação das prisões, considera desadequados os locais para visitas e quanto às carrinhas celulares e de serviço aponta os anos de uso (de 1998 e 2000).

No que diz respeito à gestão dos recursos humanos, o relatório da auditoria da Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça alerta para a "escassez de guardas prisionais aos serviços, também por ausências prolongadas, com grande incidência de alegação de acidentes em serviço, de doenças profissionais e de baixas médicas". Esta "escassez" reflete-se também da "insuficiência de elementos encarregados da videovigilância".
A estes problemas a IGSJ junta outros: a "faixa etária avançada dos guardas prisionais" e ainda a "ausência de formação" destes profissionais "em temas específicos".

Quanto à organização dentro dos estabelecimentos prisionais e entre estes, o relatório não traz boas notícias. Por exemplo, a Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça sublinha as dificuldades que existem na distribuição de reclusos nas cadeias e também pelas alas e pelas celas. O relatório alerta que há presos preventivos que são encaminhados para prisões destinadas a reclusos já condenados.
Também há "dificuldades na transferência de reclusos entre estabelecimentos prisionais" e existe "pouca articulação" na troca de informação entre a direção-geral dos serviços prisionais e as cadeias. 

Sobre as saídas de reclusos (para consultas ou diligências judiciais) a IGSP avisa que existe uma "grande concentração de saídas nos mesmos dias”.

A primeira visita da auditoria a um Estabelecimento Prisional ocorreu a 26 de setembro de 2024 e seguiram-se visitas presenciais no Continente, Açores e Madeira.

Em comunicado, a ministra da Justiça admite que esta auditoria "confirma o estado de desinvestimento no sistema prisional ao longo dos anos". No entanto, Rita Júdice aponta algumas medidas que já foram aplicadas para suprimir algumas falhas " como a compra de viaturas, de equipamento de vigilância eletrónica e a contratação de 225 guardas prisionais, em curso".

O relatório foi entregue em 27 de dezembro e não será divulgado por questões de segurança e foi elaborado na sequência da fuga de cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus, em setembro deste ano.

O Ministério da Justiça quer agora que a Direção-Geral de Reinserção dos Serviços Prisionais (DGRSP) classifique as falhas detetadas por grau de prioridade, que calendarize as medidas para resolver as falhas identificadas e que apresente um relatório de execução até março de 2025 e outro até junho de 2025.

Ainda em 2025, a Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça vai realizar uma nova inspeção durante o último trimestre do ano e o respetivo relatório será entregue até 31 de dezembro, tal como aconteceu com esta primeira auditoria que foi agora apresentada.

C/Lusa
PUB