Lisboa. Avenida Almirante Reis recupera via de trânsito e ganha ciclovias, que deixam separador central

por Gonçalo Costa Martins - Antena 1

Gonçalo Costa Martins - Antena 1

A Câmara Municipal de Lisboa quer investir mais de 20 milhões de euros na Avenida Almirante Reis. O presidente Carlos Moedas aponta as obras para 2027, sem anunciar se é recandidato nas próximas eleições. Há ciclovias alteradas e outras novas.

Tem sido uma metamorfose: o socialista Fernando Medina trouxe a ciclovia em 2020 e teve duas versões. O eleito Carlos Moedas em 2021 prometia acabar com ela, mas acabou por propôr uma "transformação estrutural". O primeiro projeto veio em 2022, acabou suspenso e regressou hoje, com diferenças e novidades. 

Uma parte da Avenida Almirante Reis ganha uma ciclovia bidirecional, entre o Areeiro e a Alameda Dom Afonso Henriques. Entre a Alameda e a Praça do Chile, as ciclovias deixam o separador central e concentram-se também no sentido sul-norte, junto ao passeio.

A partir da praça e até ao Martim Moniz, cada sentido da ciclovia fica junto aos passeios, sendo esta uma forma de "proteger" quem as utiliza, garante o presidente Carlos Moedas. No entender da autarquia, esta solução permite resolver os problemáticos cruzamentos com as ruas que iam dar à avenida. 

Da Praça do Chile para o Martim Moniz, a largura de cada sentido das ciclovias é reduzida ligeiramente, de 1,6 para 1,4 metros. Cumpre as recomendações do Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT), mas não seguidas as sugestões que a auditoria à rede ciclável deixou, propondo mais de 2 metros.

"Mantinha-se o risco com os cruzamentos. Cumprimos as larguras e todas as normas de segurança, e por isso estamos totalmente confortáveis com esta solução", aponta a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida.

A ciclovia da Avenida Almirante Reis surge em 9º lugar no top 10 dos troços mais movimentados da cidade, de acordo com os últimos dados do projeto U-Shift, do Instituto Superior Técnico. Em maio de 2023, no cruzamento da avenida com a Rua Pascoal de Melo, foram observados 1.279 ciclistas nas horas de ponta. 

O top é liderado pelo eixo Campo Grande - Entrecampos - Avenida da República.
Passeios crescem, surgem árvores e volta uma via de trânsito

Na apresentação realizada esta manhã, a Câmara de Lisboa assumiu que foi um desafio gerir os 25 metros de largura da avenida. Os passeios vão crescer e as vias de trânsito diminuem, embora surja uma nova.

"Nós estamos a desenhar uma Avenida Almirante Reis em que vamos ter duas vias que vão estar a sair e a retirar os carros da cidade, que neste momento são um grande problema porque só temos uma via para baixo e outra para cima", afirma Carlos Moedas.

Segundo a apresentação exibida aos jornalistas, essa via nova vai ser dedicada aos autocarros. 

De forma a combater a concentração de calor na avenida, vão ser plantadas cerca de 300 árvores junto aos passeios, sendo retiradas do separador central. Também no relvado da Alameda vão surgir árvores, rebatizando a zona como Parque das Tílias. 

Surgem também cerca de uma centena de lugares de estacionamento, que ainda estão a ser estudados.
Obra para apresentar na campanha? "Não há aqui nenhum anúncio, nem recandidatura"

O projeto de requalificação para a Avenida Almirante Reis ainda está mergulhado em estudos, estando o início das obras previsto para 2027 e a conclusão nos dois anos seguintes. 

Questionado pelos jornalistas sobre se gostava de ser ele a executar a obra, já que no próximo ano se realizam eleições autárquicas, Carlos Moedas garante que o projeto fica para a Câmara Municipal.

"A vida de um presidente da câmara é construi e resolver problemas do passado e no presente, mas é também olhar para o futuro", começou por dizer. 

O autarca do PSD, eleito pela coligação de direita Novos Tempos, diz que este projeto para o futuro "não tem nenhum anúncio, nem recandidatura", rematando que "não é esse o tema de hoje".
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