Depois de Francisco Ferreira, adjunto do secretário de Estado da Proteção Civil, ter apresentado a demissão, PSD e CDS vêm dizer que as responsabilidades no caso dos kits da Proteção Civil que contêm materiais inflamáveis estão ainda por esclarecer. Rui Rio considera o caso “gravíssimo” e que a demissão é um “assumir de responsabilidades”. O CDS-PP defende que a demissão não encerra a polémica e é preciso apurar responsabilidades políticas.
“Se o adjunto do secretário de Estado se demite, é porque alguma responsabilidade já tem nisto, mas não é por isso que ficou tudo resolvido”, garante Rui Rio, depois de uma reunião com autarcas dos municípios afetados pelo incêndio de Vila de Rei e Mação.
“Está por esclarecer. Isso é evidente que está por esclarecer”, concluiu Rui Rio.
“Padeiro era o único responsável”, ironiza CDS
Telmo Correia considera que a demissão do adjunto do secretário de Estado da Proteção Civil “não encerra a polémica” e há que apurar as responsabilidades políticas no caso dos Kits da Proteção Civil que contêm material inflamável.
“É o auge máximo do PS da capacidade de compadrios. O esclarecimento não está aqui, não foi feito. É preciso saber se nenhum destes responsáveis tem responsabilidade nesta matéria e é preciso obviamente apurar responsabilidades políticas”, continuou Telmo Correia, reforçando que esse esclarecimento cabal tem de ser rápido.
Telmo Correia defende que o apuramento de responsabilidades no caso dos 'kits' de proteção do programa "Aldeias Seguras" tem que "ir mais longe e mais alto", além do dirigente do PS local "com profissão de padeiro", desafiando o ministro a dizer se mantém a confiança no secretário de Estado.
PCP defende "rigoroso apuramento de responsabilidades"
O PCP defendeu "o rigoroso apuramento de responsabilidades" sobre os 'kits' de proteção de emergência do programa "Aldeias Seguras", acrescentando que "não faz sentido" que as golas antifumo distribuídas sejam inflamáveis.
Em comunicado, os comunistas frisam que "as várias questões que estão associadas aos kits distribuídos em aldeias do País exigem o rigoroso apuramento de responsabilidades".
"Seja quanto aos procedimentos que envolveram a sua aquisição e em que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) aparecerá mais como instrumento da agilização administrativa do que como decisora pela adjudicação, seja quanto à natureza de um material que, mesmo reconhecendo que não se destina a combate mas sim a auto-protecção, não faz sentido que seja feito de material inflamável", lê-se ainda na breve nota enviada à comunicação social.
O técnico Francisco Ferreira, adjunto do secretário de Estado da Proteção Civil, demitiu-se hoje, após ter sido noticiado o seu envolvimento na escolha das empresas para a produção dos 'kits' de emergência para o programa "Aldeias Seguras", tendo o pedido sido aceite pelo secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves.
O Jornal de Notícias, que já tinha noticiado sexta-feira o facto de as 70 mil golas antifumo, com um custo de 125 mil euros, serem de material inflamável e não terem tratamento anticarbonização, adiantou hoje que Francisco Ferreira, também presidente da concelhia do PS/Arouca, foi quem recomendou as empresas para a compra das golas, 15 mil 'kits' de emergência com materiais combustíveis e panfletos entregues às 1.909 povoações abrangidas pelo programa.
No sábado, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, mandou abrir um inquérito urgente sobre contratação de material de sensibilização para incêndios.