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Kits da Proteção Civil. Demite-se adjunto do secretário de Estado

por RTP
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil pagou 350 mil euros à Foxtrot Aventura, empresa detida pelo marido de uma autarca do PS de Guimarães, e à Brain One Rafael Marchante - Reuters

Demitiu-se esta segunda-feira o adjunto do secretário de Estado da Proteção Civil. Francisco José Ferreira assumiu à imprensa ter sugerido empresas para a aquisição dos “kits de incêndio” a distribuir no quadro do programa Aldeia Segura, Pessoas Seguras.

O Jornal de Notícias adiantara esta segunda-feira que a sugestão de empresas para a compra dos “kits de incêndio” partira de Francisco José Ferreira, adjunto do secretário de Estado da Proteção Civil e líder da concelhia socialista de Arouca. Algo que o próprio assumiu.

Admitindo ter partido dele próprio a recomendação dos nomes para a aquisição dos items dos kits de incêndio, Francisco José Ferreira escusara-se anteriormente a detalhar a forma como correram as consultas às empresas Foxtrot, Brain One, Coldepor, Mosc e Edstates.

Magda Rocha, Jorge Esteves, Nelson Sousa, Manuel Oliveira - RTP

A polémica rebentou após a denúncia de que as "golas anti-fumo" distribuídas à população seriam constituídas por material inflamável. Soube-se então, logo após as primeiras tentativas de explicação do ministério, que as empresas a quem fora atribuído o contrato tinham ligações muito próximas à estrutura socialista.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil pagara 350 mil euros à Foxtrot Aventura, empresa detida pelo marido de uma autarca do PS de Guimarães, e à Brain One - o Jornal de Notícias escreve que os proprietários desta empresa “têm, há vários anos, adjudicações da Câmara de Arouca”, onde o atual secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, foi presidente da Câmara de 2005 a 2017.

Este domingo, o secretário de Estado garantia que a compra dos 15 mil kits e 70 mil golas “foi desenvolvido pela Proteção Civil”, versão contrariada na edição desta segunda-feira do JN, que garante que o processo de aquisição foi coordenado pelo gabinete do governante.

De acordo com o diário, terá sido Francisco Ferreira, também presidente da concelhia do PS/Arouca, quem recomendou as empresas para a compra de 70 mil golas anti-fumo, 15 mil kits de emergência [com materiais combustíveis] e panfletos entregues às 1909 povoações abrangidas pelo programa.
Eduardo Cabrita manda abrir inquérito

Na sequência destas polémicas, ainda durante o fim-de-semana, no sábado, o ministro da Administração Interna ordenou a abertura de um inquérito urgente sobre contratação destes materiais.

“Face às notícias publicadas sobre aspetos contratuais relativamente ao material de sensibilização, o ministro da Administração Interna pediu esclarecimentos à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e determinou a abertura de um inquérito urgente à Inspeção-Geral da Administração Interna”, adiantava o comunicado do MAI.

Ana Cardoso Fonseca, Pedo Zambujo, Fernando Andrade, Miguel Cervan - RTP

Eduardo Cabrita afirmou na última noite que a resposta aos incêndios “não deve servir para conflitualidades pré-eleitorais, nem para controvérsias estéreis”.

”Ainda é muito cedo para qualquer balanço, mas julgo que mais importante do que isso é que todos os portugueses saibam que, neste ano tão especial, este não é um tema para conflitualidade pré-eleitoral”, propugnou o titular da pasta da Administração Interna, que falava no Barreiro, durante as comemorações dos 125 anos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Sul e Sueste.

Antena 1

O ministro teceu também elogios ao programa Aldeia Segura, Pessoas Seguras.

“Ainda na sexta-feira me dizia a presidente da Câmara de Silves que, num incêndio de particular risco, duas equipas da Aldeia Segura foram acionadas pela autarquia para prevenir aquilo que eram os riscos que estavam ali. Este é um esforço de todos. Quando dizemos Proteção Civil somos todos nós”, vincou.

Na sexta-feira, questionado em Mafra pelos jornalistas, o governante havia classificado a notícia sobre o material inflamável nos kits da Proteção Civil como “irresponsável e alarmista”.


c/ Lusa
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