O ex-bastonário da Ordem dos Advogados José Mig uel Júdice considerou Jorge Sampaio "o melhor Presidente da República da democra cia portuguesa", ao intervir quinta-feira no lançamento da fotobiografia do actu al chefe de Estado.
Numa sessão solene realizada no Palácio de Belém, José Miguel Júdice di sse que Jorge Sampaio é "um dos pais fundadores do actual regime democrático por tuguês".
Júdice considerou que Jorge Sampaio "formatou o modelo constitucional" do país, que "lhe chegou ainda não totalmente consolidado".
Para o advogado, Jorge Sampaio é e foi "um Presidente normal", porque " só um Presidente normal pode sobreviver em tempos anormais".
José Miguel Júdice pediu ainda a Jorge Sampaio - a quem chamou o melhor Presidente "da nossa História" - que não regresse à advocacia depois de termina r o seu segundo mandato em Belém, mas que aceite desempenhar algum cargo importa nte, nomeadamente em termos internacionais.
Ao intervir na cerimónia - a que assistiram, entre outros, o presidente do Parlamento, Jaime Gama, o Procurador-Geral da República, Souto Moura, e memb ros do corpo diplomático -, Jorge Sampaio sublinhou que "o Presidente da Repúbli ca deve ser o símbolo daquilo que é a continuidade da Nação".
Jorge Sampaio referiu também que o debate sobre os limites da actuação do Presidente da República tem de estar continuamente a ser feito, porque "há co nceitos a preencher todos os dias".
No entanto, sublinhou que a discussão sobre os poderes do Presidente "t em de ser feita serenamente".
Lembrando os críticos que sempre lhe apontaram a sua falta de carisma - dizendo que essa discussão ficará para depois -, Jorge Sampaio desabafou que em todos os cargos existe "a possibilidade de errar", mas considerou que aqueles q ue afirmaram ter usado o seu primeiro mandato para aprender o que faria no segun do não podem estar certos.
"Quem é que poderia imaginar que o segundo mandato fosse o que foi?", q uestionou, aproveitando para confessar que passou por "momentos de angústia" nes ta segunda presidência.
No entender de Jorge Sampaio, eleito pela primeira vez para o cargo em 1996, agora "é preciso que a democracia role cada vez mais" e isso passa pelo po vo "reganhar a confiança nas suas instituições".
Confessando que ao folhear a fotobiografia percebeu que teve "uma vida muito cheia", Sampaio disse pertencer a uma "geração que fez combates que lhe mu daram a vida" e mencionou a pergunta que sempre o norteou: "O que é que podemos fazer por isso?", o que é que podia fazer por Portugal.
"Procurei dar o meu contributo. É um percurso efectivamente muito vasto , sujeito a todas as avaliações", disse o Presidente, antes de sintetizar a sua ideia do cargo que ocupou durante dez anos: "Se há cargo que seja um elo entre o povo português e as instituições é este".
Durante a cerimónia falou, igualmente, o director do Museu da Presidênc ia da Republica, instituição que é um dos orgulhos de Sampaio, o seu impulsionad or.
"Este museu reúne um dos mais significativos acervos de documentação do Portugal contemporâneo", explicou Diogo Gaspar, especificando que são 600 mil d ocumentos desde 1910 até agora, "uma fonte insubstituível para o estudo da Histó ria contemporânea de Portugal".
Tendo-se tornado um dos museus portugueses mais visitados, desde que ab riu há um ano, o Museu da Presidência resolveu agora, com a ajuda de "reputados especialistas" coordenados por António Costa Pinto, estender o âmbito da sua act uação através da edição das fotobiografias dos 17 Presidentes da República.
O primeiro dos livros, o de Jorge Sampaio, escrito por Vasco Durão, sai já no sábado com as edições do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias, send o os restantes, cada um com seu autor, editados nos sábados seguintes, até 13 de Maio.
Por esse motivo, esteva também presente na cerimónia Joaquim Oliveira, presidente da Controljornal, proprietária dos dois diários, que aproveitou para salientar "o modo exemplar como [Jorge Sampaio] tem exercido o seu mandato".