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José Mário Branco. Músico, compositor e produtor ímpar na música portuguesa

por RTP
José Sena Goulão/Lusa

Muitos artistas, colegas e amigos têm reagido à notícia da morte de José Mário Branco, esta terça-feira, aos 77 anos. Mais do que um músico de intervenção, era um "artista extraordinário", dizem os mais próximos.

É um dos maiores nomes da música portuguesa. Foi compositor e produtor da esmagadora maioria dos álbuns do fadista Camané. Compôs e produziu também alguns discos da fadista Kátia Guerreiro. E trabalhou com artistas como José Afonso, Sérgio Godinho ou Luís Represas.

A maioria dos álbuns de Camané têm um dedo de José Mário Branco. O fadista, em reação à RTP, afirmou que o artista era um músico muito para além de intervenção.

"Era um artista fantástico, de uma dimensão incrível", afirmou. A dimensão de José Mário Branco enquanto artista ia "muito para além da música de intervenção". 
E como produtor, Camané garante que o artista tinha uma "sensibilidade única" e "um bom gosto fantástico".

Luís Represas também não ficou indiferente à notícia e sublinhou a referência que José Mário Branco é para uma geração de músicos.
Segundo Luís Represas, José Mário Branco era "um inovador da música" em Portugal, ensinava e facultava recursos a quem com ele trabalhasse.

A mesma opinião é partilhada por Janita Salomé, que considera que a música portuguesa fica mais pobre com a morte de José Mário Branco, relembrando o talento que marcou os mais de 50 anos de carreira.

Janita Salomé diz mesmo que o "país deve imenso" a José Mário Branco, não só enquanto músico e poeta, mas por ter enriquecido "muitos trabalhos de colegas". 
Era um "homem generoso", "um grande talento", e, diz Janita Salomé, "Portugal fica mais pobre" com o desaparecimento deste artista. 

O antigo editor de José Mário Branco, David Ferreira, lembrou à RTP a vontade do cantautor querer mudar o mundo e o olhar crítico de José Mário Branco.
Era "um homem que continuou toda a vida a querer mudar a vida" e que não aceitava "o mundo" que lhe impunham, sempre "com um olhar crítico", relembra o amigo e antigo editor.

Já o jornalista João Gobern fez questão de destacar as participações intensas de José Mário Branco em vários projetos, lembrando a "atividade múltipla" do artista durante o seu percurso.
José Mário Branco passou por vários géneros musicais e compôs para todo o tipo de projeto, lembra o jornalista, sublinhando a relevância do trabalho do artista na música nacional nos últimos 50 anos.

O jornalista Nuno Galopim destacou também, em reação à notícia, a abrangência dos estilos musicais no som de José Mário Branco. Para o jornalista é importante lembrar que era "uma figura muito importante antes de 74", mas também "depois da revolução". No entanto considera que não se pode "esgotar toda a obra de José Mário Branco" na sua relação com a intervenção politica.
O artista era escritor, compositor, um "grande produtor", "um dos melhores arranjadores de coros", e nem sempre todas as suas obras e projetos foram "devidamente reconhecidos", concluiu o jornalista.

José Mário Branco completou os seus 50 anos de carreira no ano passado, tendo uma obra abragente como músico, compositor, produtor, poeta e escritor.
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