João Mesquita "contradiz" Ministério Público

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Gondomar, 29 Abr (Lusa) - João Mesquita, assessor de 2ª categoria da arbitragem nacional, assegurou hoje que até ao fim do processo Apito Dourado "irá provar que a conversa que tiveram com ele não tem o sentido que lhe deu o Ministério Público".

João Mesquita, assessor da 2.ª categoria nacional na época 2003/4 (avaliava os observadores dos árbitros), que está acusado de um crime doloso de corrupção activa, esteve hoje presente na audição, em Gondomar, das suas testemunhas de defesa.

Em causa está a classificação atribuída por João Mesquita ao co-arguido e árbitro António Ramos Eustáquio, alegadamente a pedido do também arguido Luís Nunes.

A prova desse ilícito está, segundo o MP, assente na transcrição de escutas telefónicas nas quais, alegadamente, Luís Nunes pede a Mesquita a atribuição de "42 pontos" à prestação de Eustáquio como árbitro do jogo entre o Lousada e o Gondomar SC, tendo sido essa a nota final.

"Claramente que não foi combinado. Nunca disse ao Luís Nunes que lhe dava aquele valor", sustentou João Mesquita, em declarações à comunicação social no final da sessão de hoje do julgamento.

O arguido admitiu que "a conversa existiu", mas que não foi transcrita na íntegra, o que terá dado origem a uma interpretação errada pelo MP.

João Mesquita afirmou ter recebido "muitas chamadas de Luís Nunes" mas que essas "não estão a ser tidas em conta porque não são abonatórias para o processo".

Quanto à classificação atribuída, o arguido e ex-assessor explicou que "Eustáquio era um bom árbitro e naquele jogo (Lousada-Gondomar) fez uma boa arbitragem".

Durante o dia foram ouvidas várias testemunhas de defesa de João Mesquita, entre os quais vários ex-árbitros e colegas com quem partilhou a carreira, nomeadamente Manuel Antunes, Luís Ribeiro, Fernando Marques e José Silva.

"42 é uma nota mediana", disse Antunes ao colectivo de juízes após ter afirmado que as notas atribuídas aos árbitros se encontravam, à época, compreendidas entre 35 e 55.

Luís Ribeiro testemunhou que "um balanço razoável se compreendia entre os 39 e os 44".

"O árbitro esteve bem", foi também o testemunho do ex-árbitro Fernando Marques sobre a actuação do arguido António Eustáquio no jogo em causa (Lousada-Gondomar), em 2003/04).

A sessão de hoje do julgamento do processo de corrupção desportiva "Apito Dourado" ficou marcada pela ausência das testemunhas de defesa de José Saramago, agora agendadas para serem ouvidas a 8 de Maio.

O julgamento prossegue quarta-feira com a audição das testemunhas de defesa do árbitro Manuel Valente Mendes, acusado de três crimes de corrupção desportiva passiva.

Entre os testemunhos previstos estão os dos árbitros Pedro Proença, Duarte Gomes e Francisco Chalá.

O processo Apito Dourado, que incluiu investigações a alegados casos de corrupção e tráfico de influências no futebol, foi tornado público a 20 de Abril de 2004, com a detenção para interrogatório de vários dirigentes.

JAM.


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