O dirigente do PS João Cravinho, ministro de um dos governos de Vasco Gonçalves, recordou hoje o ex- primeiro-ministro como um patriota e um homem coerente, que "acreditava no que pensava e fazia as coisas com convicção".
"Lembro-me do general Vasco Gonçalves como um homem coerente, sincero, límpido nas suas ideias", disse à Agência Lusa João Cravinho, ministro da Indústria e da Tecnologia do IV Governo Provisório.
Vasco Gonçalves, que morreu hoje, aos 83 anos, chefiou os II, III, IV e V Governos Provisórios entre 18 de Julho de 1974 e 10 de Setembro de 1975.
Apesar de reconhecer que "teria sido mau para o país" se as ideias de Vasco Gonçalves "tivessem triunfado", João Cravinho recusou, contudo, a ideia de que fosse um "conspirador".
"Não era um conspirador, um manipulador. Era um idealista", afirmou João Cravinho, que acompanhou a actividade de Vasco Gonçalves desde o 25 de Abril.
Lembrando que Vasco Gonçalves disse um dia que gostaria de ser recordado como "um patriota com ideias revolucionárias", João Cravinho destacou ainda a "dedicação do general, que era completamente sincera".
"As suas motivações eram extremamente sinceras. Era dotado de uma qualidade que era acreditar no que pensava", referiu, destacando ainda o facto de Vasco Gonçalves entender o que fazia como "um acto de patriota", embora "o país tivesse acabado por deixar de o acompanhar nas suas ideias e propostas".
"Eu próprio recusei participar no V Governo Provisório, porque já não acompanhava as suas ideias", acrescentou.
