"João Abel Manta Livre". Exposição de um "artista da Revolução"

por Arlinda Brandão

Arlinda Brandão - Antena1

A exposição "João Abel Manta Livre" abriu ao público este fim de semana no Palácio Anjos em Oeiras e pode ser visitada até 20 de dezembro.

João Abel Manta afirmou-se no desenho, ilustração e cartoon, que se associa à imprensa da altura do 25 de Abril que lhe valeu o titulo de "artista da Revolução".

Realizada no ano do cinquentenário do 25 de Abril, esta exposição demonstra um percurso multifacetado de João Abel Manta, para além do cartoon pelo qual é habitualmente reconhecido, com tapeçaria, desenho, azulejo, pintura, colagens.

Nesta exposição mostram-se cartazes revolucionários de João Abel Manta, e cartoons desse período, assim como peças nunca antes expostas que vieram da casa do artista e da colecção particular dos herdeiros de Vasco Gonçalves.

Existem também desenhos e colagens, produzidos ao longo de duas décadas que permitem ver como João Abel Manta procurou analisar e fixar a fisionomia de Salazar, culminando nas Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar em 1978.

João Abel Manta foi preso pela PIDE em Fevereiro de 1948, aos 20 anos, no Forte de Caxias, por suposta pertença ao MUD Juvenil.
É mostrada aqui, pela primeira vez, uma selecção dos desenhos que ali produziu.

Nascido em Lisboa em 1928, foi resistente ao regime de Salazar, foi preso político. Foi arquitecto premiado, desenhador, artista gráfico, ilustrador, cartoonista e o autor de algumas das mais emblemáticas imagens da revolução portuguesa de 1974-75.

Esta exposição, com acesso ao arquivo do artista mostra vários modos de aplicar o desenho, João Abel Manta explorou-os incluindo com cenários e figurinos de teatro, azulejos, projectos de vitrais ou tapeçarias.

É famosa a tapeçaria para o Salão Nobre da Fundação Gulbenkian e o mural de azulejos da Avenida Calouste Gulbenkian, em Lisboa (a partir do qual uma das suas netas, Mariana Manta Aires, compôs um segmento original).
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