O jantar de encerramento da Web Summit que teve lugar no Panteão Nacional está a provocar polémica. O primeiro-ministro fala numa utilização "absolutamente indigna do respeito devido à memória dos que aí honramos” e, por isso, vai proibir a realização de festas naquele monumento. Marcelo diz que nem "o jantar mais importante de Estado" pode ali decorrer.
O Governo irá agora “determinar a imediata revisão do referido Despacho”, revisão essa que “determinará a proibição de realização de eventos de natureza festiva no Corpo Central do Panteão Nacional”.
O Ministério da Cultura explica ainda que “não permitirá que a utilização para eventos públicos dos monumentos nacionais possa pôr em causa o caráter e a dignidade próprias de cada um desses monumentos”.
Em resposta, o secretário de Estado da Cultura do Governo de Passos Coelho admite ser o autor do despacho mas salienta que os eventos têm de ser adequados aos espaços e que o Executivo podia ter recusado a sua realização.
Regime será alterado
Também o gabinete do primeiro-ministro enviou uma nota à comunicação social onde critica a utilização do Panteão Nacional para eventos festivos. "A utilização do Panteão Nacional para eventos festivos é absolutamente indigna do respeito devido à memória dos que aí honramos", refere o comunicado do gabinete do primeiro-ministro.
Tal como a nota do Ministério da Cultura, o gabinete do chefe do Governo indica que esta situação é legal, frisando que tal é permitido por “despacho proferido pelo anterior Governo”.
O Executivo classifica esta utilização de ofensiva e informa que esse regime será alterado “para que situações semelhantes não voltem a repetir-se, violando a história, a memória coletiva e os símbolos nacionais".
Esta é a reação do Governo ao jantar que juntou, na noite de sexta-feira, cerca de 200 pessoas no Panteão Nacional. Marcaram presença presidentes-executivos de empresas, startups e investidores num jantar que pretendeu assinalar o fim da Web Summit, a conferência de tecnologia e inovação que se realizou pelo segundo ano consecutivo em Portugal.
Também o Presidente da República defendeu no sábado que o Panteão Nacional não é o espaço adequado para qualquer tipo de jantar. Marcelo Rebelo de Sousa considera por isso que a decisão anunciada pelo Governo é óbvia e sensata.
O Bloco de Esquerda defende que é preciso apurar quem deu autorização para a realização do evento no Panteão Nacional.
O PCP lamenta que o jantar tenha ocorrido, mas considera que o que importa agora é alterar os regulamentos.
O CDS diz que o Governo nunca assume a responsabilidade pelo que corre mal.
O PSD admite que foi o Executivo anterior que aprovou a lei, mas sublinha que foi o atual Governo que autorizou o jantar.
CEO da Web Summit pede desculpa
O responsável pela Web Summit reagiu no Twitter à polémica com o jantar de encerramento da cimeira que aconteceu no Panteão Nacional. Paddy Cosgrave pediu desculpa ao “querido Portugal”.
Dear Portugal, I apologise. I’m Irish. Culturally we have a very different approach to death. We celebrate it. That does not make it the right approach when in Portugal. I love this country as a second home and would never seek to offend the great heroes of Portugal’s past. Paddy pic.twitter.com/Li2AiUtYRC
— Paddy Cosgrave (@paddycosgrave) 11 de novembro de 2017
O responsável explica ainda que é irlandês e que tem por isso uma abordagem diferente em relação à morte. “Os irlandeses celebram a morte”, diz Paddy.
O presidente executivo da Web Summit garante ainda que adora Portugal, como se fosse a segunda casa, e que nunca faria nada para ofender os grandes heróis do passado de Portugal.
Entretanto, multiplicam-se as reações com diversos vídeos e fotografias a serem partilhados nas redes sociais.
Compilação de videos da jantarada/profanação #WebSummit no Panteão Nacional. Gostava de saber quem é o Ministro a que o Paddy Cosgrave se refere no video #Desecration #Panteão #JantaradaNoPanteão pic.twitter.com/k292RcWBCO
— Vasco da Gamba (@Vasco_da_Gamba) 11 de novembro de 2017
c/Lusa