As autoridades que levaram a cabo a operação de quarta-feira, no Montijo e em Alcochete, contra uma alegada rede dedicada à exploração laboral de imigrantes e à captura ilegal de amêijoa estão agora a investigar o possível envolvimento de outras pessoas. O objetivo é apurar se existem mais armazéns a servir de habitação para os trabalhadores em causa.
As autoridades mantêm a investigação no terreno para descortinar o possível envolvimento de mais pessoas na presumível rede de apanha ilegal de bivalves e exploração de imigrantes.
Nas próximas horas poderão mesmo ser constituídos novos arguidos.
Uma imigrante ouvida pela RTP descreveu as condições de habitabilidade nos armazéns visados pelas buscas.
A maioria dos imigrantes identificados na operação é proveniente do sudeste asiático. Cerca de uma centena passaram a noite no pavilhão dos Bombeiros Voluntários do Montijo. Outros ficaram no pavilhão desportivo do Samouco e houve também quem abandonasse os armazéns para passar a noite em casas de amigos.
O advogado Abel Correia, que representa o proprietário dos armazéns, admite que estes espaços não têm licença para ser usados como habitação. Já o presidente da Câmara Municipal de Alcochete acusa o Governo de não dar resposta a este problema. O autarca socialista Fernando Pinto sugere a criação de um grupo de trabalho com várias entidades, tendo em vista divisar uma solução para os imigrantes envolvidos na apanha ilegal de amêijoa.
“Outras operações haverá”
Por sua vez, o ministro da Administração Interna afirmou que “há vários inquéritos em curso” e que cabe ao Ministério Público gerir “o tempo e o modo das investigações”.
“Ao longo dos últimos anos houve diversas investigações. Neste momento, há vários inquéritos em curso”, assinalou José Luís Carneiro, em declarações aos jornalistas à margem de uma deslocação ao Centro de Meios Aéreos de Évora. “É o Ministério Público quem dirige o tempo e o modo das investigações” que decorrem “sob segredo de justiça”, enfatizou o governante.
Ainda de acordo com o ministro da Administração Interna, “outras operações haverá” e, “sempre que há participação de comportamentos, atitudes, práticas consideradas ilícitas, naturalmente que as diferentes forças e serviços atuam em articulação e sob a direção do Ministério Público”.
c/ Lusa
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