Inquérito. Portugueses defendem que feriado do 25 de Abril deve continuar a ser comemorado

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
RTP

De acordo com um inquérito da Universidade Católica Portuguesa (CESOP), o feriado do 25 de Abril é visto como muito importante pela maioria dos portugueses, especialmente pelas mulheres e pelos menos instruídos. Os inquiridos defendem que o feriado deve continuar a ser comemorado porque é importante valorizar os princípios da Liberdade e da Democracia, celebrar e preservar os valores e as conquistas da Revolução e porque é essencial passar o testemunho às gerações futuras.

A comemoração do 25 de Abril e a importância do feriado é defendida por uma larga maioria dos inquiridos pela Universidade Católica (CESOP). Segundo a sondagem, 63 por cento dos portugueses classificam o feriado como “muito importante” e apenas quatro por cento o consideram “nada importante”.

A valorização do feriado que comemora a Revolução dos Cravos é comum a todos os segmentos sociodemográficos, sendo ligeiramente mais significativa entre as mulheres e os menos instruídos. De acordo com o relatório, 69 por cento das mulheres classificaram o feriado como “muito importante”, mais 13 pontos percentuais do que os homens. Por sua vez, entre os inquiridos que deram esta resposta, 58 por cento tinham o ensino superior e 71 por cento tinham habilitações inferiores ao terceiro ciclo.

Entre as razões mais apontadas para a necessidade de se continuar a comemorar a Revolução de Abril estão a valorização dos princípios da Liberdade e da Democracia; a celebração e preservação dos valores e conquistas de Abril; a passagem de testemunho às gerações futuras e a importância de se conhecer e honrar a História de Portugal.

O cruzamento das respostas pela votação nas últimas legislativas permite identificar um grupo mais à esquerda no espectro político que maioritariamente considera o feriado como muito importante. Entre os eleitores de partidos mais à direita, com a exceção do Iniciativa Liberal (IL), esse apoio é menor.

Considerando apenas as respostas que classificaram o feriado do 25 de Abril como “muito importante”, as percentagens dos partidos de esquerda variaram entre 65 e 90 por cento. Já entre os partidos da direita, as percentagens variam entre 31 e 82 por cento, sendo a cotação mais baixa relativa ao CDS-PP e a mais alta ao IL. O relatório ressalva, no entanto, que o cruzamento por voto nas últimas legislativas deve ser lido com especial cuidado devido ao reduzido número de inquiridos em alguns segmentos.

Questionados sobre como costumam celebrar o feriado, 28 por cento dos inquiridos responderam comemorar a data em privado, 27 por cento disseram limitar-se a aproveitar o feirado para descanso e lazer e 20 por cento admitiram que procuram que seja um dia normal. Apenas oito por cento disseram celebrar a data e participar regularmente em comemorações públicas.

Por sua vez, os inquiridos consideram que deveriam ser criadas mais atividades cívicas, pedagógicas e culturais para atrair mais portugueses a comemorar o 25 de Abril.
60% dos inquiridos consideram muito importante a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril
A comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, que acontece em 2024, é vista como “muito importante” para seis em cada dez inquiridos. Menos de um em cada dez dizem ser nada ou pouco importante.

A importância da celebração desta efeméride é particularmente valorizada, mais uma vez, pelas mulheres, pelos menos instruídos e pelos portugueses com 34 ou menos anos e maiores de 65.

Cruzando os dados pelos diferentes partidos políticos, a CDU é aquele que atribui uma maior importância à celebração dos 50 anos da Revolução (87 por cento), seguindo-se o PAN (79 por cento), o PS (77 por cento) e o BE (70 por cento). Os partidos que dão menos valor à celebração dos 50 anos do feriado de Abril são o CDS (21 por cento) e o Chega (28 por cento).

Entre a lista de ações e atividades propostas para a celebração dos 50 anos do 25 de Abril, as que reúnem apoio maioritário são: acesso livre a atividades culturais; programas educativos sobre a Revolução; cerimónias oficiais de caráter nacional; filmes e/ou sérias alusivas à data; exposições e conferências e eventos de âmbito mais local ou regional.


Ficha técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a Fundação Mário Soares e Maria Barroso, para a Fundação Calouste Gulbenkian e para a Universidade Católica Portuguesa entre os dias 10 e 18 de março de 2022. O universo alvo é composto pelos cidadãos com 16 ou mais anos de idade, com nacionalidade portuguesa e residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1393 inquéritos válidos, sendo 48% dos inquiridos mulheres, 29% da região Norte, 21% do Centro, 36% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 1% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, idade, região e voto nas legislativas de 2022. A taxa de resposta foi de 32%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1393 inquiridos é de 2,6%, com um nível de confiança de 95%.

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