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Inquérito da Universidade Católica. Jovens dão mais importância ao 25 de Abril do que os mais velhos

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Reuters (arquivo)

Um inquérito realizado pela Universidade Católica Portuguesa (CESOP) para a Fundação Mário Soares e Maria Barroso demonstra que o 25 de Abril é considerado muito importante para 75 por cento dos inquiridos, sendo a camada mais jovem a que atribui uma maior importância a esta data. O inquérito também revela uma valorização da Revolução por praticamente todo o espectro político, com exceção dos eleitores do Chega.

A amostra, representativa da população portuguesa com 16 ou mais anos de idade, avalia de forma muito positiva a Revolução de Abril. Do total dos inquiridos, 75 por cento caracterizam o 25 de Abril como “muito importante” para a sociedade e apenas dois por cento consideram esta data “nada importante”. Questionados sobre a importância da Revolução dos Cravos individualmente, 61 por cento respondeu ser “muito importante” e quatro por cento “nada importante”. De um modo geral, os portugueses consideram o 25 de Abril mais importante para a sociedade do que para si próprios.

A análise cruzada por sexo, idade, e instrução permite observar que a importância do 25 de Abril é comum em todos os segmentos, sendo particularmente forte entre as mulheres, os mais jovens e os mais instruídos.

Oitenta por cento das mulheres classificaram o 25 de Abril como “muito importante” e 70 por cento dos homens deu a mesma resposta. Por sua vez, entre os inquiridos que deram esta resposta, 85 por cento tinham o ensino superior e 64 por cento o terceiro ciclo.

Embora os resultados médios indiquem um reconhecimento da importância do 25 de Abril comum a todas as faixas etárias, quando se compara os inquiridos com idades entre os 16 e os 44 anos com os que têm 45 ou mais anos, verifica-se que os primeiros atribuem, em média, uma maior importância à Revolução de 25 de Abril do que os segundos. Considerando a escala de resposta de 1 (nada importante) a 5 (muito importante), os inquiridos com idade igual ou inferior a 44 anos atribuíram uma cotação de 4,8, enquanto aqueles com 45 ou mais anos deram uma pontuação de 4,5.

O mesmo padrão de resposta é observado quando se divide a amostra por quatro grupos etários, havendo uma clara distinção entre as pessoas com idade igual ou inferior a 49 anos e com 50 ou mais anos.
25 de Abril é mais valorizado pelos partidos de esquerda
Avaliando a importância da Revolução de Abril para os diferentes partidos políticos, embora a data seja valorizada por praticamente todo o espectro político, conclui-se que existe uma clara divisão entre a esquerda e a direita. Considerando apenas as respostas que classificaram a Revolução dos Cravos como “muito importante”, as percentagens dos partidos de esquerda variaram entre 85 e 100 por cento. Já entre os partidos da direita, as percentagens variam entre 34 e 80 por cento, sendo a cotação mais baixa relativa ao Chega e a mais alta ao Iniciativa Liberal (IL).

Quando a pergunta consiste na importância da Revolução dos Cravos de forma individual, a disparidade entre partidos é ainda maior. Enquanto na esquerda as percentagens de respostas que classificaram esta data como “muito importante” variam entre 72 e 82 por cento, na direita a menor percentagem é de oito por cento (CDS) e a maior é de 64 por cento (IL).

O relatório ressalva, no entanto, que o cruzamento por voto nas últimas legislativas deve ser lido com especial cuidado devido ao reduzido número de inquiridos em alguns segmentos.

O inquérito permite ainda concluir que a maioria dos portugueses vê o 25 de Abril como um contributo muito positivo para um variado conjunto de temas sociais, culturais e económicos. Em primeiro lugar na lista de temas influenciados de forma positiva está o direito de voto, seguindo-se a liberdade de expressão, a liberdade, os direitos das mulheres, a democracia e a integração europeia. Os quatro temas escolhidos como menos influenciados pela Revolução de Abril foram a liberdade sexual, a descolonização, as Forças Armadas e a Justiça.


Ficha técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a Fundação Mário Soares e Maria Barroso, para a Fundação Calouste Gulbenkian e para a Universidade Católica Portuguesa entre os dias 10 e 18 de março de 2022. O universo alvo é composto pelos cidadãos com 16 ou mais anos de idade, com nacionalidade portuguesa e residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1393 inquéritos válidos, sendo 48% dos inquiridos mulheres, 29% da região Norte, 21% do Centro, 36% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 1% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, idade, região e voto nas legislativas de 2022. A taxa de resposta foi de 32%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1393 inquiridos é de 2,6%, com um nível de confiança de 95%.
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