Em junho, o INEM teve um tempo médio de espera de atendimento de chamadas de urgência na ordem dos seis minutos, sendo que em alguns casos, a espera chegou aos oito minutos. O tempo recomendado para o efeito é de apenas sete segundos. O INEM explica que se trata de “picos de serviço”, enquanto o Sindicato de Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar avisa que nos meses de julho e agosto a situação vai piorar devido à falta de recursos humanos.
Dois dias estão em destaque no que toca ao tempo médio de atendimento de chamadas urgentes. A 21 de junho, após o feriado do Corpo de Deus, entre as 10h30 e as 11h00, o INEM levou, em média, seis minutos para atender as chamadas que chegaram da central.
No dia de São João, 24 de junho, os tempos de espera chegaram aos oito minutos. O INEM explicou que estes tempos se devem a “picos de serviço”, tratando-se de situações pontuais.
De todas as chamadas perdidas, apenas metade das mesmas foram recuperadas, sendo que dez mil acabaram por ser desligadas antes de serem atendidas. O problema é especialmente grave devido ao défice de recursos humanos, tanto no CODU como nas ambulâncias.
Situação com tendência para piorar
Rui Lázaro, do Sindicato de Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), disse, em entrevista à RTP, que os números apresentados pelo matutino não surpreendem e que em oito minutos podem acontecer vários problemas.
“Em oito minutos podem acontecer situações indesejadas se considerarmos também o tempo de resposta de chegada de uma ambulância à ocorrência então aí podem ocorrer situações indesejadas”.
O vice-presidente do STEPH afirmou que a situação é grave e que se deve essencialmente à falta de recursos humanos.
O presidente do INEM revelou a carência de 400 técnicos, sendo que foi pedida a contratação de 200 e a tutela apenas autoriza a entrada de 150 pessoas.
“Não temos dúvidas que quanto terminar o processo concursal destes 150, já outros tantos, ou mais, abandonaram o instituto, tendo em conta a saída massiva que se tem verificado nos últimos meses. É caso para dizer que o INEM sofre de uma doença crónica que carece de intervenção urgente”.
Para além da falta de profissionais, Rui Lázaro apontou as más condições de trabalho dos técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, assinalando horários que contemplam as preferências dos trabalhadores, esquemas que obrigam os profissionais a saírem do local habitual de trabalho o que tem levado a desmotivação e “falta de compromisso crescente”.
“Uma situação irrepetível”
O presidente do INEM, Luís Meira, disse que a situação ocorrida em junho é “irrepetível” e que a mesma aconteceu devido a picos de serviço que tornaram o tempo médio de atendimento superior ao que é desejado.
“Tivemos períodos em que houve efetivamente um volume acrescido de serviço. Temos dificuldades com os recursos humanos e essas dificuldades acabaram por se refletir naquilo que foi a resposta que os CODU deram, em momentos muito concretos e pontuais”.
Luís Meira acrescentou que a situação prevista para os meses de junho e agosto não será similar à do mês anterior.
“O mês de junho foi um mês particularmente difícil por um conjunto de situações, nomeadamente, pelo elevado número de feriados que teve e pelo facto de ter, durante o mês, cinco fins de semana completos”.