O território entrou esta segunda-feira em situação de contingência devido às previsões meteorológicas para os próximos dias. Segundo o IPMA, mais de 80 concelhos de dez distritos estão em perigo máximo de incêndio rural.
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, disse no sábado que a situação de contingência “poderá ser prolongada caso seja necessário” e “não exclui a adoção de outras medidas que possam resultar da permanente monitorização da situação”.
“Pior conjugação de fatores desde Pedrógão”
A próxima quarta-feira deverá ser o dia mais quente do ano: esperam-se máximas de 46 e 47ºC em certas zonas do Alentejo.
Em perigo máximo de incêndio estão mais de 80 concelhos dos distritos de Bragança, Vila Real, Braga, Viseu, Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Portalegre, Beja e Faro. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou também vários concelhos de todos os distritos de Portugal continental em perigo muito elevado e elevado de incêndio rural.
"Esta declaração resulta da elevação do estado de alerta especial da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em função do agravamento das previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), com grande parte do território continental nos níveis elevado, muito elevado e máximo de risco de incêndio. Considera ainda o esforço que impende sobre o dispositivo operacional e a necessidade de serem adotadas medidas preventivas e especiais de reação face ao risco", de acordo com uma nota do MAI divulgada no domingo.O que implica o estado de contingência?
A declaração acarreta "o imediato acionamento de todos os planos de emergência e proteção civil nos diferentes níveis territoriais", a passagem ao estado de alerta especial de nível vermelho do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), para todos os distritos, com mobilização de todos os meios disponíveis, e "o reforço do dispositivo dos corpos de bombeiros com a contratualização de até 100 novas equipas, mediante a disponibilidade dos corpos de bombeiros".
Existirá ainda a elevação do grau de prontidão e resposta operacional, por parte da GNR e da PSP, com reforço de meios para operações de vigilância, fiscalização e patrulhamentos, e o grau de prontidão e mobilização de equipas de emergência médica, saúde pública e apoio social também será aumentado.
Haverá igualmente a "mobilização em permanência" das equipas de sapadores florestais, corpo nacional de agentes florestais e vigilantes da natureza que integram o dispositivo de prevenção e combate a incêndios, além de um reforço da capacidade de atendimento do serviço 112.
No âmbito da declaração da situação de contingência, prevista na Lei de Bases de Proteção Civil, serão ainda implementadas medidas de caráter excecional, como a proibição do acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, proibição da realização de queimadas e de queimas de sobrantes de exploração e proibição de realização de trabalhos nos espaços florestais com recurso a qualquer tipo de maquinaria, com exceção dos associados a situações de combate a incêndios rurais.
Será também proibida a realização de trabalhos nos espaços rurais com recurso a motorroçadoras de lâminas ou discos metálicos, corta-matos, destroçadores e máquinas com lâminas ou pá frontal e a utilização de fogo-de-artifício.
O perigo de incêndio, determinado pelo IPMA, tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo. Os cálculos são obtidos a partir da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.
Situação no terreno
Mais de 1.500 bombeiros combatiam 35 fogos em Portugal continental às 7h30 de hoje, sendo o incêndio que deflagrou na quinta-feira em Ourém, no distrito de Santarém, o que mais meios mobilizava, segundo dados da proteção civil.
De acordo com informação disponível na página da Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), um total de 1.505 operacionais, apoiados por 459 veículos, combatiam 35 incêndios, cinco dos quais ativos, cinco em resolução e 25 em conclusão.
O incêndio que deflagrou às 16h37 de quinta-feira na localidade de Cumeada, concelho de Ourém, no distrito de Santarém, era o que mais meios mobilizava esta manhã, com 585 operacionais, apoiados por 196 veículos.
Por dominar continuava também o fogo que deflagrou às 15h15 de domingo no Canedo, concelho de Ribeira de Pena, no distrito de Viana do Castelo. Ao início da manhã, estava a ser combatido por 140 operacionais, com o auxílio de 140 veículos.
Já o incêndio que deflagrou às 15h50 de sexta-feira em Vale da Pia,
concelho de Pombal, no distrito de Leiria, mobilizava 343 operacionais,
com o apoio de 109 veículos.
Ao início da manhã, este incêndio que se estendeu a Ansião e Alvaiázere passou a estar em fase resolução após a "janela de oportunidade" durante a noite, com a descida das temperaturas e o aumento na humidade.
O fogo que deflagrou às 15h54 de quinta-feira na freguesia de Marzagão, concelho de Carrazeda de Ancião, no distrito de Bragança, encontrava-se dominado. No entanto, continua a ser combatido por 126 operacionais, com o auxílio de 38 veículos.
Devido à situação de risco, Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e a Comissão europeia mobilizou, no domingo, dois aviões espanhóis para combater os incêndios no território português.
c/ Lusa