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IHRU faz auditoria por causa dos sorteios anulados. "Foi mau acontecer uma vez, não vamos permitir duas"

por Gonçalo Costa Martins - Antena 1

Foto: Lusa

O presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) diz à Antena 1 que está a realizar uma auditoria interna por causa dos sorteios de casas com renda acessível, dois sorteios que foram anulados no início do mês.

Entre mais de 1000 candidaturas, 130 famílias tinham sido selecionadas no dia 5 de novembro, com casas de renda acessível no programa “Arrendar para Subarrendar”. Três dias depois, os sorteios foram anulados e já há famílias que admitem recorrer à justiça para travar a anulação, avançou hoje o Jornal de Notícias.

Entrevistado pela Antena 1, o presidente do IHRU, Benjamim Pereira, lamenta o que aconteceu pela primeira vez na instituição, mas sublinha que não havia volta a dar: os sorteios tinham de ser repetidos por causa dos erros informáticos que excluíram candidaturas válidas.

O IHRU fala de "problemas informáticos" para explicar a anulação dos dois sorteios. A que se deveu ao certo esses problemas?
 
Não era possível manter o sorteio, uma vez que foram detetadas irregularidades. Posso especificar: candidaturas admitidas que não foram sorteadas daquele universo das mil e tal dos dois sorteios no Norte e no Sul. Outra situação, as candidaturas sorteadas em duplicado, que tinham sido desistências, foram consideradas nesse universo; e candidaturas que não constavam da lista de candidaturas admitidas para sorteio. 

Ou seja, tínhamos aqui três situações distintas que adulteravam completamente o resultado final do sorteio, e, portanto, o posicionamento responsável foi simplesmente comunicar às pessoas no mais curto espaço de tempo, no fim do dia, que não poderia ser considerado aquele sorteio.

E o que é que levou a que, apesar de conhecidos poucas horas depois estes erros, só fossem comunicados três dias depois, inclusive a divulgação das listas de quem tinha ou não sido sorteado?

A divulgação das listas é imediata, mas não demorou esse tempo. Os nossos serviços prepararam, inclusive, um sistema de resposta com a brevidade possível para esclarecer as pessoas quanto à situação do sorteio. Portanto, isso foi preparado. Claro que não conseguimos responder a mil pessoas ao mesmo tempo, mas havia um prazo máximo de resposta de 48 horas, e isso foi preparado pelos nossos serviços, tentando minimizar o estrago, que é evidente, e pelo qual temos que lamentar. Assumo as minhas responsabilidades. 

São circunstâncias que acontecem, não fomos nós que mexemos no processo. Há um algoritmo, esse algoritmo havia sido visto e certificado por uma entidade. Infelizmente aconteceu o que aconteceu, lamentamos tudo isto e, naturalmente, fica aqui um pedido de desculpas às famílias, mas não poderíamos validar um concurso irregular. 

Vamos reavaliar o processo a ver se vai ser feito da mesma forma ou não, com garantias, mas vamos reavaliar porque não queremos causar mais problemas às pessoas. Aquilo que era uma coisa boa e que era um ato positivo da atribuição de 130 habitações transformou-se numa situação desagradável para todos.

Já existe, neste momento, alguma data para a realização dos sorteios? 

Antes disso nós estamos a fazer uma auditoria interna, a verificar exatamente o que é que aconteceu, quais os constrangimentos que estiveram por trás disto. Já foi mau acontecer uma vez, não vamos permitir que aconteça duas.

Significa que esta foi a primeira vez que este tipo de situações aconteceu no IHRU num sorteio? 

Sim, é a primeira vez, como é evidente. 

Este foi o primeiro grande concurso na sua gestão enquanto presidente, e neste caso acabou por ser a primeira vez que aconteceu este tipo de erro devido a estes problemas informáticos. Há aqui alguma garantia que consegue deixar de que erros como este não se repetem? Alguém poderá vir a ser responsabilizado?

Eu percebi a associação, é o primeiro concurso onde isto acontece e o primeiro que está sobre a minha responsabilidade. Então deixe-me retorquir com o seguinte: talvez isto seja o resultado de anos de abandono desta casa, do ponto de vista do desinvestimento em tecnologias.

Quando se entra numa casa que não tem uma central telefónica a funcionar, que tem 40% dos seus copiadores sem funcionamento, com plataformas que têm mais de duas décadas, com desinvestimento total, talvez estas coisas aconteçam com mais naturalidade.

Aquilo que eu lhe posso dizer é que desde que entrei, juntamente com a equipa de colaboradores do IHRU, estamos a tentar implementar medidas para ultrapassar estes problemas. Depois de uma auditoria, depois de perceber exatamente o que é que esteve na origem de todo este problema, tentaremos fazer com que as coisas corram da melhor forma.

Eu assumo a minha responsabilidade enquanto dirigente máximo do IHRU, mas estas situações infelizmente acontecem.

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