IHRU faz auditoria por causa dos sorteios anulados. "Foi mau acontecer uma vez, não vamos permitir duas"
Foto: Lusa
O presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) diz à Antena 1 que está a realizar uma auditoria interna por causa dos sorteios de casas com renda acessível, dois sorteios que foram anulados no início do mês.
Entrevistado pela Antena 1, o presidente do IHRU, Benjamim Pereira, lamenta o que aconteceu pela primeira vez na instituição, mas sublinha que não havia volta a dar: os sorteios tinham de ser repetidos por causa dos erros informáticos que excluíram candidaturas válidas.
O IHRU fala de "problemas informáticos" para explicar a anulação dos dois sorteios. A que se deveu ao certo esses problemas?
Aquilo que eu lhe posso dizer é que desde que entrei, juntamente com a equipa de colaboradores do IHRU, estamos a tentar implementar medidas para ultrapassar estes problemas. Depois de uma auditoria, depois de perceber exatamente o que é que esteve na origem de todo este problema, tentaremos fazer com que as coisas corram da melhor forma.
Não era possível manter o sorteio, uma vez que foram detetadas irregularidades. Posso especificar: candidaturas admitidas que não foram sorteadas daquele universo das mil e tal dos dois sorteios no Norte e no Sul. Outra situação, as candidaturas sorteadas em duplicado, que tinham sido desistências, foram consideradas nesse universo; e candidaturas que não constavam da lista de candidaturas admitidas para sorteio.
Ou seja, tínhamos aqui três situações distintas que adulteravam completamente o resultado final do sorteio, e, portanto, o posicionamento responsável foi simplesmente comunicar às pessoas no mais curto espaço de tempo, no fim do dia, que não poderia ser considerado aquele sorteio.
E o que é que levou a que, apesar de conhecidos poucas horas depois estes erros, só fossem comunicados três dias depois, inclusive a divulgação das listas de quem tinha ou não sido sorteado?
A divulgação das listas é imediata, mas não demorou esse tempo. Os nossos serviços prepararam, inclusive, um sistema de resposta com a brevidade possível para esclarecer as pessoas quanto à situação do sorteio. Portanto, isso foi preparado. Claro que não conseguimos responder a mil pessoas ao mesmo tempo, mas havia um prazo máximo de resposta de 48 horas, e isso foi preparado pelos nossos serviços, tentando minimizar o estrago, que é evidente, e pelo qual temos que lamentar. Assumo as minhas responsabilidades.
São circunstâncias que acontecem, não fomos nós que mexemos no processo. Há um algoritmo, esse algoritmo havia sido visto e certificado por uma entidade. Infelizmente aconteceu o que aconteceu, lamentamos tudo isto e, naturalmente, fica aqui um pedido de desculpas às famílias, mas não poderíamos validar um concurso irregular.
Vamos reavaliar o processo a ver se vai ser feito da mesma forma ou não, com garantias, mas vamos reavaliar porque não queremos causar mais problemas às pessoas. Aquilo que era uma coisa boa e que era um ato positivo da atribuição de 130 habitações transformou-se numa situação desagradável para todos.
Já existe, neste momento, alguma data para a realização dos sorteios?
Antes disso nós estamos a fazer uma auditoria interna, a verificar exatamente o que é que aconteceu, quais os constrangimentos que estiveram por trás disto. Já foi mau acontecer uma vez, não vamos permitir que aconteça duas.
Significa que esta foi a primeira vez que este tipo de situações aconteceu no IHRU num sorteio?
Sim, é a primeira vez, como é evidente.
Este foi o primeiro grande concurso na sua gestão enquanto presidente, e neste caso acabou por ser a primeira vez que aconteceu este tipo de erro devido a estes problemas informáticos. Há aqui alguma garantia que consegue deixar de que erros como este não se repetem? Alguém poderá vir a ser responsabilizado?
Eu percebi a associação, é o primeiro concurso onde isto acontece e o primeiro que está sobre a minha responsabilidade. Então deixe-me retorquir com o seguinte: talvez isto seja o resultado de anos de abandono desta casa, do ponto de vista do desinvestimento em tecnologias.
Quando se entra numa casa que não tem uma central telefónica a funcionar, que tem 40% dos seus copiadores sem funcionamento, com plataformas que têm mais de duas décadas, com desinvestimento total, talvez estas coisas aconteçam com mais naturalidade.
Aquilo que eu lhe posso dizer é que desde que entrei, juntamente com a equipa de colaboradores do IHRU, estamos a tentar implementar medidas para ultrapassar estes problemas. Depois de uma auditoria, depois de perceber exatamente o que é que esteve na origem de todo este problema, tentaremos fazer com que as coisas corram da melhor forma.
Eu assumo a minha responsabilidade enquanto dirigente máximo do IHRU, mas estas situações infelizmente acontecem.