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IGAS abre inquérito sobre caso de grávida no Hospital das Caldas da Rainha

por RTP

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde vai abrir um processo de inquérito em relação ao caso de uma grávida que não foi atendida, num primeiro momento, nas urgências do Hospital das Caldas da Rainha.

A RTP apurou esta segunda-feira que esse inquérito foi distribuído a duas equipas multidisciplinares. Em causa está a alegada recusa no atendimento de uma grávida que tinha sofrido um aborto espontâneo e que se dirigiu ao Hospital das Caldas da Rainha para pedir auxílio.

A mulher só terá sido vista por um médico depois de ligar para o 112 e perante a insistência dos bombeiros que acorreram ao local, à porta das urgências. Até lá, esteve cerca de uma hora na ambulância dos bombeiros.

Segundo o comandante dos bombeiros voluntários de Caldas da Rainha, Nélson Cruz, o pedido de ajuda chegou à corporação às 7h21. A grávida estava no interior da própria viatura, à porta do hospital das Caldas da Rainha, com uma forte hemorragia. Só foi atendida no hospital uma hora depois de ligar para o 112.

O Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) ainda sugeriu que a grávida teria de ser atendida na Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, a cerca de 130 quilómetros de distância.
"Em momento algum" foi recusada admissão, garante ULS
Entretanto, num esclarecimento enviado à RTP, a Unidade Local de Saúde do Oeste nega que tenha havido qualquer recusa em atender a utente.

A doente chegou hospital "pelos seus próprios meios"
e teve conhecimento "através do cartaz afixado na porta da Urgência de Ginecologia/Obstetrícia que esta não estava a funcionar", continua o esclarecimento.

A unidade "presume" que a utente tenha contactado o 112 ou a Linha SNS 24 "e que tenha aguardado na viatura respetiva pelas indicações telefónicas".

"Posteriormente, foram acionados os Bombeiros para ir ao encontro da utente", acrescenta. "Temos registo que a utente apenas entrou no Hospital 8h04 de hoje, tendo sido de imediato admitida", lê-se ainda.

A administração do centro hospitalar garante "em momento algum" foi recusada a sua admissão e que não tem "registo de várias insistências para essa admissão".

"Em suma, a utente foi prontamente admitida quando houve conhecimento de que estava a aguardar, a situação mereceu o atendimento necessário e ficou em vigilância", resume a unidade local de saúde.

O esclarecimento termina a realçar que a maternidade do Hospital das Caldas da Rainha atendeu quatro utentes e realizou dois partos este domingo apesar de não estar a funcionar. 
Companheiro procurou ajuda na Consulta Externa
A presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste, Elsa Baião, reiterou entretanto que "não houve nenhuma negação de assistência" por parte do Hospital das Caldas da Rainha. Mesmo com as urgências encerradas, uma situação como esta "é sempre atendida", vincou.

Em declarações à RTP, a responsável sublinha que a utente em causa "entrou dentro do perímetro do hospital, não dentro do hospital" e que, ao aperceber-se do encerramento da urgência através de um cartaz afixado no local, terá ligado para o 112 ou Linha de Saúde 24, tendo ficado a aguardar por assistência no interior da viatura.

"Formalmente no hospital só entrou às 8h04" depois de um contacto do INEM dizendo que a utente estava à porta do hospital e que precisava de ser assistida, relata Elsa Baião.

Nesse momento, a utente foi "prontamente foi admitida e assistida" e recebeu "todo o tratamento necessário" assim que o hospital teve conhecimento do caso.

Questionada sobre os contactos do companheiro da utente, que afirmou ter procurado auxílio por duas vezes, a presidente do Conselho de Administração refere que o homem "foi à Consulta Externa e disseram-lhe que teria de vir à urgência".

"Quando chegou à urgência deparou-se com o cartaz", descreve.

Sobre o inquérito do IGAS, a responsável pretende que tudo se esclareça e que não há qualquer receio de uma inspeção.

"Houve aqui algumas falhas", ressalva, nomeadamente quanto à necessidade de ligar, em primeiro lugar, para a Saúde 24 ou para o 122 para se receber "o melhor atendimento possível".

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