"Ideia de que há um período de incêndios deixou de ter razão de ser"

por Carlos Santos Neves - RTP
Em Nelas, distrito de Viseu, o Presidente da República voltou a agradecer o trabalho dos bombeiros Nuno André Ferreira - Lusa

Ainda a percorrer as regiões atingidas pelos incêndios do passado fim de semana, o Presidente da República deixou esta sexta-feira um aviso para a necessidade de reavaliar a estratégia de combate às chamas. Na perspetiva de Marcelo Rebelo de Sousa, “a ideia de que há um período de incêndios deixou de ter razão de ser”.

Em Nelas, no distrito de Viseu, o Chefe de Estado voltou a agradecer o trabalho dos bombeiros, lembrando que são, na maioria, voluntários empenhados em missões que se estendem ao longo do ano. Na mesma linha, Marcelo advogou a necessidade de rever estratégias.Os incêndios do passado domingo fizeram pelo menos 44 vítimas mortais, de acordo com um último balanço da Autoridade Nacional de Proteção Civil.


“Agradecer em nome de todos os portugueses. É importante aqui estar. As pessoas lembram-se deles nestas alturas, mas eles existem todo o ano, em outras missões. Infelizmente, há outros problemas, que não são só no verão, são também no inverno”, afirmou o Presidente da República.

“E mesmo a ideia de que há um período de incêndios já deixou de ter razão de ser, como acabámos de verificar neste fim de semana”, fez notar em seguida.

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Referindo-se uma vez mais aos bombeiros, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou a convicção de que as autoridades estão nesta altura “atentas aos seus problemas, às suas necessidades, ao seu estatuto e àquilo que é preciso fazer para os incentivar e criar melhores condições para cumprirem a sua missão”, que, acrescentou o Presidente, “é insubstituível”.
A palavra ao Conselho de Ministros

Questionado sobre a base de voluntariado da Proteção Civil, Marcelo voltou a remeter para o Conselho de Ministros extraordinário de sábado, como já fizera, pouco antes, à saída do Hospital de Viseu, onde se disse confiante numa “solução expedita”, por parte do Governo, que “corresponda aos anseios” dos familiares das vítimas dos incêndios.A agenda do Presidente da República para esta sexta-feira inclui ainda deslocações aos concelhos de Seia e Carregal do Sal.

“Tenho a certeza que o Conselho de Ministros, com o Governo já com os dados disponíveis, e conhecendo como eu conheço, como os autarcas conhecem, o tipo de desafios que se colocam em termos de Proteção Civil aos bombeiros, quer em intervenções urbanas, quer na floresta e que se ligam muitas vezes, quer noutras intervenções, tenho a certeza que isso vai ser tratado no Conselho de Ministros”, estimou.

Na passagem por Viseu, o Presidente foi também questionado sobre se considera ser “o eucalipto do Governo”, que estaria “a secar”. Marcelo Rebelo de Sousa respondeu estar agora “reformado do comentário político” e entregue a “uma tarefa mais importante”.

“O Presidente da República, com a legitimidade que é única do tipo de eleição, tem uma responsabilidade acrescida, porque é uma espécie de último fusível de segurança do sistema”, reforçou.

c/ Lusa
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