
O Hospital de Aveiro vai alterar o sistema de triagem de doentes nas urgências, na sequência da morte de uma idosa, na passada quarta-feira, que esperou quatro horas para ser atendida. O hospital vai reforçar o serviço com clínicos gerais, contratados no exterior, mas o número de profissionais ainda não está definido.
“Vai continuar a realizar-se a triagem de Manchester, que é feita por um enfermeiro, que de acordo com fluxogramas previamente definidos atribui as prioridades no atendimento”, notou. A triagem de Manchester funciona com cores: vermelho, laranja (que recebem prioridade absoluta no tratamento médico), amarela (urgência intermédia), verde e azul (com menor gravidade).
A maior parte dos utentes triados no Hospital de Aveiro recebe, segundo Teresa Bugalho, pulseiras amarela. Para a chefe da equipa de urgências, as alterações no sistema vão reforçar a atenção para estes doentes e poderão levar a uma diminuição no tempo de espera.
O movimento “anormal” tem provocado “excesso de espera” em relação ao tempo definido pelo processo de triagem, uma situação já mencionada em reuniões internas anteriores à morte da idosa. O Inverno tende a aumentar os casos de doenças respiratórias, tendo sido registados dias em que deram entrada no serviço de urgências cerca de 600 doentes.
Com entrada em vigor marcado para a próxima segunda-feira, às 8 horas, “o sistema receberá ajustes conforme as necessidades”, disse Teresa Bugalho. No entanto, “não está definido ainda o número de clínicos gerais” que vão efectuar o acompanhamento aos doentes de urgência intermédia. Os médicos vão ser contratados no exterior para vir fazer a urgência ao Hospital de Aveiro.
Comissão de Utentes pede esclarecimentos e questiona credibilidade
Na quarta-feira, uma mulher foi triada com a cor amarela às 14h, sendo previsível que fosse atendida dentro de uma hora. Foi encontrada morta às 17h45, com paragem cardio-respiratória, sem ter sido observada.
A comissão de utentes já pediu esclarecimentos e, em comunicado, considera que o caso “é susceptível de criar graves apreensões nas populações que têm no Hospital Infante D.Pedro a unidade de referência para as suas horas mais difíceis”.
A circunstância em que ocorreu a morte da idosa “desmente as teorias de que os processos de triagem (por mais apurados que sejam), associados à utilização de sistemas informáticos, já implementados no Hospital, resolverão todos os problemas”, lê-se no comunicado.
“Falam-nos em maior movimento que o habitual, no serviço, nesse dia. Quantos desses casos não poderiam ter sido atendidos em Serviços de Atendimento Permanente ou Serviços de Urgência, entretanto fechados, como é o caso do SAP de Albergaria-a-Velha, localidade de onde era natural a doente?”, questiona a comissão de utentes.