Hospital Beja é único do Sul com equipamento para destruir pedras no rim
O Hospital José Joaquim Fernandes, de Beja, é a única unidade de saúde do sul do país com equipamento que permite fragmentar as pedras dos rins sem necessidade de submeter o doente a cirurgia.
Em declarações à Agência Lusa, a directora clínica hospitalar, Adelaide Belo, explicou hoje que o equipamento, denominado Litotritor Extra Corpóreo por Ondas de Choque, apresenta "muitas vantagens", tanto para o doente, como para o próprio Hospital de Beja.
"Os doentes, agora, já não precisam de deslocar-se a Lisboa para beneficiar deste serviço e o Litotritor fragmenta os cálculos do rim, ou pedras do rim, em linguagem popular, o que evita muitas cirurgias", frisou.
Por seu turno, segundo a responsável, o bloco operatório do hospital "deixa de estar ocupado com cirurgias desta natureza", podendo ser utilizado para a realização de outras intervenções cirúrgicas.
"É um tratamento menos gravoso para o doente, mas também para o hospital, porque liberta tempos operatórios que, para nós, são muito importantes para tratar outras coisas que não podem deixar de ser feitas no bloco", sublinhou.
Integrado na nova unidade hospitalar de Técnicas de Diagnóstico e Terapêutica Minimamente Invasivas, o equipamento permite ao Hospital de Beja ficar capacitado para tratar "todo o tipo de cálculos do aparelho urinário".
"Este avanço é importante porque as pedras dos rins são a principal causa de cólica renal, sendo esta das mais frequentes causas urológicas de recurso à urgência. Se não for convenientemente tratado, pode mesmo levar à infecção crónica do aparelho urinário, com perda de função do rim", explicou Adelaide Belo.
O Litotritor tem acoplado um Intensificador de Imagens, o que permite observar "o que se passa dentro do corpo e nos órgãos", com a projecção de uma imagem num ecrã.
"Permite fazer +tiro ao alvo+ com as ondas de choque, para que apenas incidam no que querermos fragmentar e não no tecido do rim que, naturalmente, seria estragado", explicou a especialista.
Além da área de Urologia, este equipamento vai ainda permitir ao hospital intervir noutras vertentes clínicas, através do Intensificador de Imagens.
"Só tínhamos um Intensificador no bloco operatório e, isso, ocupava tempo que podia ser utilizado para cirurgias. Agora, podemos utilizar esta máquina para outras técnicas, como a colocação de pacemakers ou cateteres, nomeadamente nos doentes em quimioterapia", realçou.
A Unidade de Técnicas de Diagnóstico e Terapêutica Minimamente Invasivas, nesta fase de concretização, até ao final do ano, abrange apenas o distrito de Beja, num universo de cerca de 300 doentes.
Contudo, a partir de Janeiro de 2005, segundo Adelaide Belo, a intervenção vai ser alargada a todo o Alentejo (Évora, Portalegre e Alentejo Litoral) e ao Algarve.
"O compromisso assumido com a Administração Regional de Saúde do Alentejo é dar essa cobertura mais alargada. Ainda não está decidido é se o serviço é prestado pelos nossos dois urologistas ou se clínicos de outros hospitais irão deslocar-se a Beja com os doentes", afirmou.
O projecto para a nova unidade do Hospital José Joaquim Fernandes custou cerca 450 mil euros, dos quais 300 mil financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), 100 mil pelo Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração central (PIDDAC) e os restantes suportados pela própria unidade hospitalar.