Amanhã, domingo, quem quiser levantar-se à hora habitual terá de dormir menos uma hora: os relógios deverão ser adiantados, para passarem a regular-se pelo horário de Verão. A ideia é poupar energia, mas é duvidoso que o resultado seja esse.
E sobre a hora de Verão opinou Franklin em 1784 que no Verão, quando os dias começavam a tornar-se mais longos, convinha começar mais cedo a jornada de trabalho, para aproveitar a luz do dia, e para habituar os trabalhadores a deitarem-se mais cedo e a gastarem menos velas para iluminar as suas casas durante a noite.
Franklin lançava aliás a ideia para a França e não para os Estados Unidos, porque nesse ano era embaixador em França da jovem Federação norte-americana e se dizia negativamente impressionado pela "preguiça" dos franceses. À sugestão de uma hora estival acrescentou, assim, uma outra, de haver em cada rua um canhão para despertar no novo horário os indolentes franceses, que se obstinassem em continuar por mais um tempo nos braços de Morfeu.
Mesmo assim, a ideia logo ganhou adeptos, pela poupança que parecia permitir, mas demorou séculos até ser posta em prática. Quando foi posta em prática, já não era para poupar velas e sim energia elétrica.
Mas a controvérsia persistiu e, ao longo do século XX, a hora de Verão várias vezes foi adoptada e depois abandonada. Nos países onde vigora, a começar pelos Estados Unidos, nem tudo são vantagens: desde logo trata-se de um país de dimensões continentais, com vários fusos horários, e em que é deixado ao critério dos vários Estados da União se querem ou não adoptar a hora de Verão. Quem viaja de automóvel ou de comboio sujeita-se, assim, a ter de acertar o relógio várias vezes, para trás e para a frente, na mesma travessia de costa a costa.
Na Alemanha do segundo pós-guerra, os inconvenientes da hora de Verão também levaram a que ela fosse abandonada, só vindo a ser reintroduzida a partir de 1980. Na esteira das decisões alemãs, a União Europeia introduziu a hora de Verão para todos os Estados-membros a partir de 2002.
Mas a grande maioria das pessoas inquiridas numa sondagem recente considera que a hora de Verão tem mais inconvenientes do que vantagens. Para vários psicólogos e sociólogos, os inconvenientes são especialmente sensíveis para as pessoas que prolongam a sua actividade pela noite fora e que, obrigadas a despertarem mais cedo do que manda o seu bioritmo, passam depois o dia sonolentas e mal-humoradas, com perdas sensíveis de produtividade no trabalho.
E, segundo um estudo citado em Der Spiegel, a poupança energética é residual, na ordem de apenas 0,03 por cento.