Grupo VITA adianta que 32 vítimas de abusos na Igreja já pediram indemnização

por Lusa

O Grupo VITA revelou hoje que já existem 32 pedidos de indemnização apresentados por vítimas de abusos sexuais sofridos ao longo das últimas décadas no contexto da Igreja Católica portuguesa.

"Trinta e duas vítimas pediram, até ao momento, uma compensação financeira -- pedidos que, tal como já adiantado pela Conferência Episcopal Portuguesa [CEP], poderão ser formalizados entre junho e dezembro de 2024, de acordo com critérios a anunciar brevemente", lê-se na nota enviada à comunicação social pela estrutura coordenada pela psicóloga Rute Agulhas, quando há cerca de três meses (17 de fevereiro) existiam apenas 12 pedidos.

O anúncio ocorre no dia em que o presidente da CEP confirmou que o "tema importante" dos abusos sexuais na Igreja vai estar em foco na visita dos bispos portugueses ao Vaticano.

Numa mensagem divulgada a partir do Vaticano, José Ornelas disse o tema dos abusos é "uma questão dolorosa" a abordar com os diferentes dicastérios [espécie de ministérios] da Santa Sé.

"É uma questão dolorosa, mas faz parte da nossa vida. E também não nos deixa simplesmente a chorar ou a lamentar, a pedir perdão, necessariamente, mas, sobretudo, a criar um futuro melhor", disse José Ornelas, lembrando que o Grupo VITA está a completar um ano de trabalho e "terá oportunidade de expor o caminho" que está a ser feito "no sentido da justiça e da dignidade de cada pessoa humana e, particularmente, daqueles que são mais frágeis".

De acordo com o comunicado da estrutura, que assinala um ano da entrada em funcionamento, em 22 de maio de 2023, o Grupo VITA já recebeu 98 pedidos de ajuda de vítimas de violência sexual, que se traduziram em 60 atendimentos (presenciais ou `online`) e no acompanhamento psicológico regular de 18 pessoas por profissionais da bolsa de especialistas que foi criada.

A coordenadora Rute Agulhas anunciou também que vai ter um encontro "de especial importância" esta terça-feira com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

"O Grupo VITA pretende partilhar aquele que tem sido o seu trabalho ao longo do primeiro ano de funcionamento, bem como reforçar a importância da criação de uma Estratégia Nacional de Prevenção da Violência Sexual em Portugal", referiu, avançando também a data de 18 de junho para a apresentação do segundo relatório de atividades, em Fátima.

A estrutura de acompanhamento salientou ainda as ações de "sensibilização e capacitação das diversas estruturas da Igreja", ao realçar que já foram abrangidas cerca de 1.300 pessoas nestas iniciativas.

Criado em abril de 2023, o Grupo VITA pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (915090000) ou do formulário para sinalizações no `site` www.grupovita.pt.

O Grupo VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que ao longo de quase um ano validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.

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