Greve na Função Pública. Frente Comum constata "adesão muito forte em todo o país"

por Inês Moreira Santos - RTP
João Relvas - Lusa

Há fortes perturbações em vários serviços, esta sexta-feira, devido à greve da Função Pública. A confirmação é da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, afeta à CGTP, que convocou a paralisação.

Apesar de, ao fim da manhã, ainda não haver dados oficiais, o coordenador da Frente Comum afirmou que esta era “uma das maiores greves dos trabalhadores da Administração Pública central, regional e local”. Sebastião Santana frisou mesmo que se trata de “uma adesão muito forte em todo o país, com muitas escolas fechadas, muitos serviços mínimos nos hospitais, muitas consultas fechadas, autarquias locais com estaleiros encerrados”, entre outros serviços afetados.

“Estamos, portanto, num quadro de grande adesão a esta luta”
, disse, acrescentando que “não acontece por acaso”, mas porque os “trabalhadores se reveem nas propostas da Frente Comum”, nomeadamente na relativa aos aumentos salariais.Criticando a falta de investimento por parte do Governo, no Orçamento do Estado, nos serviços públicos e nos trabalhadores da Administração Pública, o dirigente sindical justifica os “muitos milhares de trabalhadores em todo o país em greve”.

“Acho que é difícil encontrar hoje um serviço público que funcione normalmente, portanto o balanço não podia ser mais positivo a esta hora”.
Os trabalhadores da Função Pública, explicou o coordenador da Frente Comum, “são trabalhadores como qualquer outro trabalhador”, afetados igualmente pela subida da taxa de inflação que “não é acompanhada pelo aumento de salários mínimos que reponham o poder de compra”.

A medida mais importante a sem implementada pelo Governo, na ótica da organização sindical, era o executivo “entender que tem dinheiro no Orçamento” e investir nos serviços públicos.

“Esta greve não acontece hoje por acaso. Acontece hoje porque estamos em vésperas de se discutir na Assembleia na generalidade o Orçamento do Estado (…) O Governo vai muito a tempo de corrigir a mão e garantir que quem assegura os serviços públicos tem condições de trabalho e que os portugueses têm direito a serviços públicos de qualidade, que é o que está a ser posto em causa em muitos casos”, declarou ainda.
"Luta não vai parar por aqui"

Apesar da forte adesão, Sebastião Santana classificou o Governo de maioria absoluta como “intransigente” e lamentou que não haja diálogo “de uma forma efetiva”. Mas acredita que “a luta dos trabalhadores não será menos intransigente”.

“A luta não vai parar por aqui”, sublinhou, não rejeitando a possibilidade de novas greves ou manifestações.

Já na quinta-feira, confirmou ainda Sebastião Santana, o setor da saúde e os serviços de recolha de resíduos sólidos foram afetados, em todo o país, “por uma forte adesão à greve”.

A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública anunciou a 9 de outubro a greve nacional de trabalhadores que esta sexta-feira decorre, considerando que a proposta do Governo de aumentos salariais para 2024 é "miserabilista".
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