Os números foram avançados esta manhã pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos. A greve dos enfermeiros dos blocos operatórios já levou ao adiamento de quase mil cirurgias programadas no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Os enfermeiros de cinco blocos operatórios de hospitais públicos iniciaram no dia 22 de novembro uma greve de mais de um mês às cirurgias programadas.
Em declarações à agência Lusa, o presidente daquela estrutura, Carlos Cortes, disse que, "no mesmo período, o ano passado se operaram 1.200 doentes e este ano só 376". Contas feitas, estamos a falar de "menos 823 cirurgias programadas, sendo 250 convencionais e 573 de ambulatório".
"Nunca vi nestes últimos anos uma irresponsabilidade, uma apatia e passividade tão grande do Ministério da Saúde perante este problema. E o problema é para os doentes, que não estão a ser operados", disse
Carlos Cortes adianta que há doentes com problemas oncológicos que precisam de cirurgias urgentes. Dá também o exemplo de pacientes no serviço de ortopedia que "correm risco de fraturas se não forem rapidamente operados". "Há doentes com neoplasias que não estão a ser operados, há atrasos que, porventura, poderiam ser cirurgias não consideradas urgentes, mas que passado algum tempo se tornam urgentes", salientou. "No país, nunca conhecemos uma situação desta gravidade"
E conforme o tempo passa, acrescenta o presidente da SRCOMC, o número de cirurgias urgentes aumenta "cada vez mais, porque uma situação num dia pode ser considerada não urgente, mas se não é imediatamente operada começa cada dia a ficar pior".
Para este responsável há consequências que "podem ser marcantes para os doentes o resto da sua vida". Carlos Cortes considera incompreensível a atuação da tutela perante uma greve que tem cerca de duas semanas e meia.
"Estamos perante uma greve com reivindicações e compete ao Ministério da Saúde resolver muito rapidamente toda esta situação. Trata-se de uma situação que considero catastrófica, inédita. No país, nunca conhecemos uma situação desta gravidade".
O Presidente da Associação dos Administradores Hospitalares assume que há doentes em situações dramáticas e até perda de vidas.