O New Climate Institute divulgou, na segunda-feira, um estudo segundo o qual muitas das maiores empresas do mundo não estão a conseguir cumprir as metas de combate às alterações climáticas a que se propõem e que "exageram" nas ações ambientais, enganando de certa forma os consumidores. Em carta conjunta, assinada pela ZERO e dirigida à União Europeia, a organização ambientalista acusa as instituições de publicitarem "as suas alegações falsas através de uma variedade de truques de greenwashing". O presidente da associação climática alerta que as empresas em Portugal devem ser rigorosas com compromissos de descarbonização.
“Os resultados são evidentes: as alegações de neutralidade climática já feitas pelas empresas referem-se, na realidade, a futuras reduções de emissões, muitas vezes a décadas de distância, e que, em média, correspondem a apenas a 40 por cento de redução”, aponta a ZERO, num comunicado, esta quarta-feira.
As empresas que têm falhado nas suas promessas climáticas “conseguem publicitar as suas alegações falsas através de uma variedade de truques de greenwashing”, como o “aproveitamento de lacunas, omissão de dados, escolha de datas de início de contabilização quando as suas emissões estavam no pico e criando as suas próprias medidas de ação climática falaciosas”.
Como recorda a Associação Sistema Terrestre Sustentável (conhecida pela sigla ZERO), são muitas as empresas que, em todo o mundo, enfrentam acusações “de um número crescente de stakeholders para assumirem responsabilidade pelo impacto das suas atividades no clima”.
Por isso, e com base no referido relatório, foi enviada uma carta conjunta, assinada pela ZERO, “com um conjunto de recomendações para os decisores políticos da União Europeia”.
Liderança climática versus greenwashing
Embora a maioria das grandes empresas já apresente estratégias e várias metas climáticas, a ZERO considera que “a crescente quantidade de compromissos climáticos, combinado com a fragmentação de abordagens de definição de metas significa que é mais difícil do que nunca distinguir entre verdadeira liderança climática e greenwashing”. O que é agravado pela falta de “fiscalização regulamentar a nível nacional e setorial”.
Como concluiu o estudo do New Climate Institute, os compromissos corporativos correspondem a uma redução, em média, de apenas 40 por cento e não de 100 por cento, embora todas as 25 empresas analisada se comprometam com metas de “zero emissões líquidas” ou de “neutralidade climática”. Além disso, apenas três destas instituições se comprometem com uma profunda descarbonização de mais de 90 por cento do total de emissões da sua cadeia de valor.
E, considerando estas conclusões, a ZERO acredita que “identificar e promover a verdadeira liderança climática é um desafio chave que (…) tem o potencial de aumentar a ambição mundial de mitigação das alterações climáticas”.
“A ação climática das empresas é fundamental para o alinhamento com uma trajetória de 1,5°C de aumento médio da temperatura global”, salienta a organização ambiental, que admite que “as expectativas dos consumidores e acionistas têm sido o principal motor do aumento dos compromissos climáticos das empresas”.
A ZERO crê, por isso, que é essencial “a credibilidade das alegações” e que “as estratégias de contabilização das empresas sejam transparentes”, de forma a “ser entendidas pelo seu público-alvo”.
As empresas ambiciosas e que apresentam verdadeira liderança climática, continua a associação, “poderão ser apoiadas pela introdução de regulamentação mais forte, assegurando que não ficam em desvantagem económica comparativamente aos seus pares”.
Quanto às entidades reguladoras e às iniciativas de normalização, tem de se “encontrar modos de distinguir verdadeira liderança climática de greenwashing, para assim apoiar atores empresariais ambiciosos e potenciar a aceleração da descarbonização da economia”.
Quais as recomendações da ZERO?
Com base nas conclusões do relatório sobre os compromissos climáticos corporativos, a carta da ZERO enviada aos decisores políticos da UE apresenta um conjunto de recomendações para “promover a verdadeira liderança climática das empresas e combater o greenwashing”.
Nesse sentido, a ZERO propõe que os governos proíbam “as empresas de alegar a ‘neutralidade climática’” e que as empresas reportem “reduções de emissões absolutas separadamente de quaisquer reduções de emissões financiadas fora da sua cadeia de valor”.
Além disso, as empresas “devem estabelecer metas que cubram o total de emissões da sua cadeia de valor”, indicar as “reduções de emissões tanto em termos absolutos como em percentagem das emissões totais” e “detalhar o ano-base usado como referência para a redução de emissões”.
Em caso de compensação de emissões, as empresas têm ainda de “evitar a contagem dupla das emissões já contabilizadas pelo país para a prossecução das suas metas climáticas”. E, para terminara, “os compromissos devem focar-se principalmente na redução absoluta de emissões e não em estratégias de compensação de emissões”.
No comunicado, Gilles Dufrasne, da Carbon Market Watch e autor das recomendações para os decisores da UE afirma que o “greenwashing não é um crime inocente, uma vez que os consumidores e os decisores políticos são levados a pensar que as empresas estão a fazer tudo o que podem para reduzir o seu impacto climático”.
“As maiores empresas do mundo têm uma grande responsabilidade de estar à altura do desafio que estamos a enfrentar. Atualmente, estão a falhar e é altura de os governos intervirem para regular as alegações das empresas e acabar com a publicidade enganosa”.
No caso português, Francisco Ferreira, presidente da ZERO, considera que “é fundamental que as empresas em Portugal sejam rigorosas nas suas avaliações e compromissos de descarbonização”.
“Não basta apenas parecer ser ambicioso, mas sim reduzir efetivamente as emissões”.
Embora a maioria das grandes empresas já apresente estratégias e várias metas climáticas, a ZERO considera que “a crescente quantidade de compromissos climáticos, combinado com a fragmentação de abordagens de definição de metas significa que é mais difícil do que nunca distinguir entre verdadeira liderança climática e greenwashing”. O que é agravado pela falta de “fiscalização regulamentar a nível nacional e setorial”.
Como concluiu o estudo do New Climate Institute, os compromissos corporativos correspondem a uma redução, em média, de apenas 40 por cento e não de 100 por cento, embora todas as 25 empresas analisada se comprometam com metas de “zero emissões líquidas” ou de “neutralidade climática”. Além disso, apenas três destas instituições se comprometem com uma profunda descarbonização de mais de 90 por cento do total de emissões da sua cadeia de valor.
E, considerando estas conclusões, a ZERO acredita que “identificar e promover a verdadeira liderança climática é um desafio chave que (…) tem o potencial de aumentar a ambição mundial de mitigação das alterações climáticas”.
“A ação climática das empresas é fundamental para o alinhamento com uma trajetória de 1,5°C de aumento médio da temperatura global”, salienta a organização ambiental, que admite que “as expectativas dos consumidores e acionistas têm sido o principal motor do aumento dos compromissos climáticos das empresas”.
A ZERO crê, por isso, que é essencial “a credibilidade das alegações” e que “as estratégias de contabilização das empresas sejam transparentes”, de forma a “ser entendidas pelo seu público-alvo”.
As empresas ambiciosas e que apresentam verdadeira liderança climática, continua a associação, “poderão ser apoiadas pela introdução de regulamentação mais forte, assegurando que não ficam em desvantagem económica comparativamente aos seus pares”.
Quanto às entidades reguladoras e às iniciativas de normalização, tem de se “encontrar modos de distinguir verdadeira liderança climática de greenwashing, para assim apoiar atores empresariais ambiciosos e potenciar a aceleração da descarbonização da economia”.
Quais as recomendações da ZERO?
Com base nas conclusões do relatório sobre os compromissos climáticos corporativos, a carta da ZERO enviada aos decisores políticos da UE apresenta um conjunto de recomendações para “promover a verdadeira liderança climática das empresas e combater o greenwashing”.
Nesse sentido, a ZERO propõe que os governos proíbam “as empresas de alegar a ‘neutralidade climática’” e que as empresas reportem “reduções de emissões absolutas separadamente de quaisquer reduções de emissões financiadas fora da sua cadeia de valor”.
Além disso, as empresas “devem estabelecer metas que cubram o total de emissões da sua cadeia de valor”, indicar as “reduções de emissões tanto em termos absolutos como em percentagem das emissões totais” e “detalhar o ano-base usado como referência para a redução de emissões”.
Em caso de compensação de emissões, as empresas têm ainda de “evitar a contagem dupla das emissões já contabilizadas pelo país para a prossecução das suas metas climáticas”. E, para terminara, “os compromissos devem focar-se principalmente na redução absoluta de emissões e não em estratégias de compensação de emissões”.
No comunicado, Gilles Dufrasne, da Carbon Market Watch e autor das recomendações para os decisores da UE afirma que o “greenwashing não é um crime inocente, uma vez que os consumidores e os decisores políticos são levados a pensar que as empresas estão a fazer tudo o que podem para reduzir o seu impacto climático”.
“As maiores empresas do mundo têm uma grande responsabilidade de estar à altura do desafio que estamos a enfrentar. Atualmente, estão a falhar e é altura de os governos intervirem para regular as alegações das empresas e acabar com a publicidade enganosa”.
No caso português, Francisco Ferreira, presidente da ZERO, considera que “é fundamental que as empresas em Portugal sejam rigorosas nas suas avaliações e compromissos de descarbonização”.
“Não basta apenas parecer ser ambicioso, mas sim reduzir efetivamente as emissões”.