Santo Tirso, Porto, 13 ago (Lusa) - O hospital de Santo Tirso vai manter as especialidades existentes, somando-se a cirurgia vascular, após a passagem para a alçada da Santa Casa de Misericórdia, avançou hoje a câmara local que sublinha a manutenção dos postos de trabalho atuais.
O hospital de Santo Tirso integra o Centro Hospitalar do Médio Ave, juntamente com a unidade de Famalicão. A 16 de dezembro foi anunciada a sua passagem para a Misericórdia, um processo que gerou reservas por parte da autarquia local que reclamava não ter sido ouvida no processo.
Hoje, em comunicado, a câmara de Santo Tirso, distrito do Porto, revelou ter estado reunida com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) e com a Santa Casa da Misericórdia, tendo alcançado a garantia de "um conjunto de condições que asseguram a qualidade dos serviços de saúde para a população".
Sobre a questão das especialidades médicas, a autarquia liderada pelo socialista Joaquim Couto refere que "o Governo garante, por escrito, que o hospital de Santo Tirso vai manter todas as especialidades, criando, ainda, a especialidade de cirurgia vascular".
Também o número de camas para o Internamento de Medicina, Cirurgia e Ortopedia existente nesta unidade hospitalar será "mantido", lê-se no comunicado.
"O acesso da população ao hospital de Santo Tirso far-se-á nas condições atuais, ou seja, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A referenciação hospitalar e consultas externas dos doentes de Santo Tirso passam a ser feitas diretamente para o Porto, nomeadamente para o Hospital de S. João, Maternidade Júlio Dinis e Instituto Português de Oncologia", lê-se, também, na nota que, assim, sublinha que fica "garantida a independência" face à unidade de Famalicão.
Para Joaquim Couto "esta salvaguarda na referenciação é extremamente importante", uma vez que em causa estão utentes residentes nos concelhos de Santo Tirso e da Trofa, ou seja da Área Metropolitana do Porto.
A câmara de Santo Tirso acrescenta ter recebido a garantia de que nenhum colaborador irá ser despedido e todos manterão o vínculo à função pública e adianta que a transferência poderá entrar em vigor a 01 de janeiro.
Ainda segundo a autarquia o contrato de transferência incluirá uma cláusula de salvaguarda que "admite a renúncia do contrato, após as eleições Legislativas, caso o próximo Governo tenha um entendimento diferente".
"Nada move a câmara de Santo Tirso contra a Santa Casa da Misericórdia, que tem um papel fundamental sob o ponto de vista da assistência social que presta no concelho", refere o comunicado, concluindo com o apelo de que "a eventual passagem (...) seja o mais objetiva possível, de forma a que não exista instabilidade quer por parte dos trabalhadores do hospital, quer por parte dos utentes".
A 31 de julho o Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos e sindicatos do setor, após uma visita ao hospital de Santo Tirso, denunciaram a falta de "cerca de uma dezena de médicos" e disseram temer que a passagem prevista para a alçada da Misericórdia poderia culminar na redução de várias especialidades médicas.
Em resposta, no mesmo dia o ministro da Saúde, Paulo Macedo, que falava à margem de uma cerimónia em Vila Verde, garantiu que a transferência não implicaria despedimentos e que seriam "mantidas ou aumentadas" as valências naquela unidade.