A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, considerou hoje que a investidura de Américo Aguiar como cardeal é o reconhecimento do percurso do futuro bispo de Setúbal, diocese onde vai ter vários desafios sociais.
"A consagração hoje de D. Américo como cardeal é não só o reconhecimento do seu percurso pessoal dentro da Igreja, mas é também o reconhecimento do Papa Francisco, que teve a oportunidade de o dizer, pela excelência da organização nesta Jornada Mundial da Juventude (JMJ)", afirmou Ana Catarina Mendes, que hoje representou o Governo português no consistório para a criação de novos cardeais, na Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano.
A ministra, que teve a tutela da organização da JMJ, declarou que, "enquanto governante e representante do Estado, é também um orgulho que Portugal possa ser visto com esta magnitude, nas várias dimensões" que tem na sociedade e "de que a Igreja também faz parte".
"Eu sempre disse que a Jornada Mundial da Juventude era um momento de afirmação de Portugal como um todo. Portugal é um Estado laico, mas um Estado que respeita todas as religiões. É um Estado que tem uma relação com a Santa Sé histórica e que deve ser mantida", adiantou.
A JMJ é considerada o maior evento da Igreja Católica. Na JMJ Lisboa 2023, participaram 1,5 milhões de pessoas, de acordo com os números da organização.
À questão se espera de Américo Aguiar um bispo interventivo em Setúbal, diocese da qual toma posse em outubro, Ana Catarina Mendes referiu que Setúbal é "um distrito com enormes potencialidades de desenvolvimento que tem, ao longo dos anos tido um papel histórico" na formação e consolidação da democracia, "com imensos desafios sociais, cujos problemas, cujas respostas têm sido encontradas para aí".
"Acho que D. Américo, com a sua energia, com a sua competência, com a sua capacidade de mobilizar, será uma voz também ativa para, em conjunto, encontrarmos as soluções que são necessárias para um território tão interessante como é o território de Setúbal", declarou.
Ainda sobre Setúbal, lembrou que a Diocese "recebe hoje, também, um desafio que está nas prioridades do Papa Francisco", assim como nas do novo cardeal, que passa por saber acolher e integrar "as comunidades migrantes que todos os dias chegam a Portugal e de que Setúbal não é exceção".
O novo titular da Diocese de Setúbal, até agora bispo auxiliar de Lisboa, foi hoje investido cardeal pelo Papa Francisco, tornando-se no 47.º cardeal português da História.
Américo Aguiar recebeu o anel e barrete cardinalícios, assim como a bula de criação, tendo-lhe sido atribuído o título da Igreja de Santo António de Pádua na Via Merulana, em Roma.
O bispo, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 e coordenador geral da organização da visita, em agosto último, do Papa a Portugal, foi um dos 21 novos cardeais (18 dos quais eleitores) anunciados por Francisco em 09 de julho.
O prelado junta-se ao patriarca emérito de Lisboa, Manuel Clemente, a António Marto, bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima, e a Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, como cardeais eleitores -- e também podem ser eleitos por terem menos de 80 anos -- num futuro conclave para escolher o sucessor do Papa Francisco, de 86 anos.
No Colégio Cardinalício estão mais dois portugueses que, por terem mais de 80 anos, não participam num futuro conclave: Saraiva Martins, que foi prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, e Monteiro de Castro, que teve uma vasta experiência diplomática ao serviço do Vaticano.