Golfinhos fazem as delícias de adultos e crianças no Zoomarine no Algarve
Nadar com um golfinho, acariciar a sua pele ou sentir o palpitar do seu coração é uma experiência inesquecível que agora pode ser vivida pelos mais curiosos na Lagoa Azul do Zoomarine, em Albufeira.
É neste espaço, interdito aos restantes visitantes do parque, que desde há quatro anos, por 125 euros, tem lugar o programa de interacção com golfinhos.
Até aqui confinados às bancadas do "delfinário" do parque temático, os visitantes mais curiosos não resistem a uma interacção com os mamíferos e cerca de 15.000 experimentaram o toque dos animais desde que o programa começou, em Setembro de 2000.
Antes de passar à acção, é preciso aprender mais sobre estes simpáticos mamíferos, o que é feito dentro de uma cabana onde os participantes assistem a uma exposição em "power point" (programa informático), que inclui "slides" e pequenos vídeos.
Fica a saber-se como nascem, de que se alimentam, como se reproduzem, qual o tamanho que podem atingir e que possuem uma espécie de sexto sentido, a "ecolocalização".
Depois da aula de meia hora, chega finalmente o tão aguardado momento. Porém, antes de entrar na água, há que tomar duche, vestir um colete e retirar relógios e todo o tipo de adornos que possam magoar os golfinhos.
à borda da piscina, a educadora recomenda aos participantes que entrem na água calmamente para não assustar os golfinhos e que evitem tocar nas partes sensíveis do animal: olhos, boca, espiráculo (cavidade por onde respiram, situada na cabeça) e genitais.
Há tempo ainda para um pequeno "inquérito", com o qual os visitantes tentam adivinhar a que se assemelha a sensação de tocar na pele dos golfinhos, cuja textura se diz ser muito macia.
As hipóteses aventadas são "azeitona" ou "ovo cozido descascado", mas só no fim da experiência se revelará a resposta acertada.
Assim que os treinadores fazem sinal para entrar na água, o grupo não se faz rogado.
Hipólita tem oito anos, pesa 130 quilos e é uma comunicadora nata. Dizem os treinadores que, por estar sempre a "palrar", a reconhecem à distância. Hugo, o seu "namorado", está com o outro grupo de visitantes ali mesmo ao lado.
O primeiro contacto com Hipólita não é difícil:
extremamente dócil, parece já esperar pelos mimos que sabe que vai receber e fecha os olhos, deliciando-se com os beijos, festas e abraços que cada um dos participantes lhe dá.
Curiosamente, os golfinhos parecerem corresponder a estas manifestações de afecto com um grande "sorriso" estampado no bico e dão provas da sua inteligência ao acenar que "sim" e que "não" com a cabeça perante as perguntas da treinadora.
Além de ficar a conhecer alguns pormenores da anatomia dos golfinhos, os participantes ficam também a saber que os golfinhos não dormem e que apenas descansam.
A seguir aprendem alguns códigos de treino dos golfinhos, antes de experimentarem os dois comportamentos interactivos combinados previamente: o "Footpush" (empurrão de pé) ou o "Handpush" (empurrão de mão).
Conforme explica à Agência Lusa o director do Zoomarine, Élio Vicente, os comportamentos interactivos são sempre diferentes de sessão para sessão. Tudo para que os golfinhos não se aborreçam.
"Os golfinhos são animais que não gostam de rotinas, principalmente os mais novos como os que temos aqui na Lagoa Azul e por isso tentamos nunca se deve fazer nada que seja previsível para os manter sempre bem- dispostos", diz o biólogo.
Por outro lado, é estabelecida uma rotatividade entre os golfinhos, para que tenham tempo para descansar, descontrair e treinar.
"Existem oito golfinhos na Lagoa Azul, mas só dois de cada vez interagem com os visitantes. Se algum deles não demonstrar vontade de interagir, passa para o lado de lá da piscina e é substituído por outro", explica.
A maior parte dos elementos do grupo opta pelo "Footpush", que consiste em deitar-se de barriga para baixo numa prancha de "bodyboard" e ser empurrado a alta velocidade pelos bicos de dois golfinhos.
O "Handpush", embora não seja tão radical, permite um contacto mais directo com os animais e consiste em, com os braços abertos, agarrar-se à barbatana superior do golfinho e deixar-se puxar.
Após estas manobras, ainda há tempo para assistir a algumas acrobacias protagonizadas pelo Hugo e pela Hipólita, que no fim acenam com a cauda em jeito de despedida.
Quando os treinadores dão a sessão por encerrada, o sorriso - que teimava em não sair dos lábios dos participantes durante a sessão - dá lugar a uma expressão de espanto e até alguma tristeza.
"Já passou a meia hora?!" indaga uma das crianças do grupo. "Foi tão rápidoÓ Não podemos ficar mais tempo?".
"Não", responde a treinadora, já habituada a estas investidas, "agora é preciso deixar os golfinhos descansar".
à saída da água, a inevitável questão: "azeitona ou ovo cozido?". A maioria opta pela primeira hipótese pois apesar de muito macia, a pele do golfinho é, em algumas partes, ligeiramente enrugada e por isso não tão suave como a de um ovo cozido descascado.
Depois de tomar um duche quente, e com a sensação de ter "lavado a alma", os visitantes despedem-se da equipa de treinadores.
"Há pessoas que saem daqui a dizer que este foi o melhor dia das suas vidas", garante Élio Vicente. Se não foi o melhor, deve andar lá perto.