Furto de gado no baixo Vouga tira o sono aos produtores

por Lusa

Aveiro, 06 nov (Lusa) - Dezenas de cabeças de gado bovino são furtadas a pequenos produtores do Baixo Vouga, que pedem maior vigilância e já fazem vigília noturnas nos campos onde pernoitam os animais.

Artur Resende, agricultor em Fermelã, que também explora um café na aldeia, disse à agência Lusa que voltou a desaparecer gado nos campos: ali, na noite de segunda para terça-feira foram sete animais e de quinta para sexta-feira foram duas vacas frente ao cemitério de Sarrazola, em Cacia.

"Os roubos ocorrem durante a noite e já vai a caminho das 30 cabeças de gado. É gado marinhão, holandês e até uma égua. Vai tudo o que anda preso à corda e não só. Roubam fardos de palha, espigas de milho, e a mim levaram-me até chocalhos e uma bateria elétrica", lamenta-se.

As queixas sucedem-se na GNR e os criadores de gado são aconselhados a ter calma, mas Artur Resende é um dos que já não dorme descansado, com medo que lhe tirem os cavalos que tem por lá. É um dos que optou por fazer vigília: "acabo por fechar o café e vir de noite para o campo tomar conta do que é meu e do que é dos outros. Temos de ser uns para os outros".

Os furtos de gado estão a instalar a desconfiança entre os próprios produtores, porque estão convencidos que tem de haver colaboração de alguém que conhece o terreno.

"Para mim, há um `artista` aqui da zona implicado. Não é qualquer um que entra aqui no nosso campo, sem conhecer nada disto, e não acredito que ande a ver de dia para vir buscar de noite. Deve recolher aqui os animais e depois fazer a entrega a um camião, que depois desaparece pela A25", afirma, convicto.

Artur Resende acredita que o destino dos animais será para abate clandestino, ou "para passar para lá da fronteira", porque as identificações e boletins sanitários dos animais ficam com o proprietário.

A Associação de Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA), que tem agendada uma iniciativa para chamar a atenção para o problema, reclama das entidades públicas medidas de reforço da vigilância.

"Continuam a roubar os animais que fazem falta à sobrevivência dos pequenos agricultores desta zona. O problema ultimamente tem-se agravado, o que preocupa os pequenos produtores, que sentem falta de segurança para continuarem a sua atividade e é fundamental o reforço da vigilância", disse à Lusa Albino Silva, da ALDA.

Apesar de se tratar de uma extensa área desabitada e de difícil controlo, o oficial de relações públicas do Comando Territorial de Aveiro da GNR, capitão Machado, garante que estão a ser feitos esforços "para evitar maiores proporções e o alarme entre os pequenos agricultores", que atravessam dificuldades.

"Fizemos há uma semana a identificação de vários indivíduos e a apreensão de animais, em colaboração com a Direção-Geral de Veterinária, e estamos a fazer investigações", disse à Lusa.

Aquele oficial não afasta a possibilidade de haver entre os suspeitos quem conheça o terreno: "lidar com um animal não é fazer um furto normal. Tem de estar a vontade com animais, ter carros próprios e saber como funcionam os brincos de identificação".

 

 

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