Fuga de Vale de Judeus. Guardas prisionais começam a ser ouvidos

por Carlos Santos Neves - RTP
A convocatória para interrogatório foi enviada ao Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus no passado dia 6 de março Lusa

Os oito guardas prisionais que se encontravam de serviço durante a fuga da cadeia de Vale de Judeus começam esta quarta-feira a ser ouvidos. O interrogatório cabe ao Serviço de Auditoria e Inspeção da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

Entre os oito visados por processos disciplinares está o chefe dos guardas prisionais. A convocatória para interrogatório foi enviada ao Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus no passado dia 6 de março.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais, adiantou que estará presente para “defender o corpo da guarda prisional” e acompanhar os interrogatórios, que terão também a presença do advogado do sindicato, Pedro Proença.Cada um dos interrogatórios deverá ocupar meia hora. O último está previsto para as 15h30.


Ouvido na edição desta quarta-feira do Bom Dia Portugal, Frederico Morais afirmou que a estrutura sindical a que preside desconhece o que consta da acusação. O dirigente sindical acusou ainda o Governo de tentar encontrar um bode expiatório. Os processos disciplinares aos guardas foram desencadeados pela ministra da Justiça, Rita Júdice, na sequência do relatório do Serviço de Auditoria e Inspeção, que chegou às mãos da tutela a 17 de outubro – quase um mês depois da fuga de cinco reclusos de Vale de Judeus, a 7 de setembro.

“O silêncio de muitos dos envolvidos, embora não os tenha desfavorecido, não permitiu deslindar alguns dos factos que ajudariam a delimitar a intervenção individual”, aponta o relatório, cujo teor foi citado em comunicado pelo Ministério da Justiça.

Já quanto a Horácio Ribeiro, ex-diretor da cadeia de Vale de Judeus, o documento conclui por uma “violação dos deveres gerais de prossecução do interesse público, zelo e lealdade”, para acrescentar que o responsável em regime de substituição “não zelou pelo cumprimento das orientações em matéria de vigilância e segurança, nomeadamente, na homologação das escalas”.

Sobre o chefe da guarda prisional, o relatório sublinha que lhe competia a vigilância e a segurança do estabelecimento no dia da fuga, desde logo a definição da escala da vigilância dos pátios interiores. Relativamente aos guardas prisionais, é referida a violação de deveres gerais de prossecução do interesse público e “certos deveres especiais”.
Recapturados
Em fevereiro, contando com a cooperação das autoridades espanholas, a Polícia Judiciária recapturou os dois últimos dos cinco reclusos evadidos.No momento da fuga, os cinco reclusos cumpriam penas entre os sete e os 25 anos de prisão por tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento, entre outros crimes.

O argentino Rodolfo Lohrman, de 59 anos, e o britânico Mark Roscaleer, de 35, foram detidos pela Policia Nacional espanhola.

Fábio Loureiro, cidadão português de 33 anos, foi recapturado a 7 de outubro de 2024 em Tânger, Marrocos, aguardando ainda a extradição para Portugal. Este processo está pendente de decisão “administrativa/política” das autoridades judiciais marroquinas, “apesar das insistências” das congéneres portuguesas, adiantou na terça-feira a Procuradoria-Geral da República, citada pela Lusa.

Um mês mais tarde, foi a vez do português Fernando Ribeiro Ferreira, de 61 anos – acabou detido numa pequena localidade do concelho de Montalegre.

A 10 de dezembro, o georgiano Shergili Farjiani, de 40 anos, foi recapturado em Itália.

c/ Lusa
Tópicos
PUB