FNE elege novo secretário-geral após 19 anos de liderança de Dias da Silva

por Lusa

A Federação Nacional da Educação (FNE) realiza hoje eleições para escolher o novo secretário-geral que irá suceder a João Dias da Silva, há 19 anos na liderança daquela que é uma das maiores organizações sindicais do setor.

As eleições para os órgãos sociais da FNE, às quais o atual secretário-geral não é candidato, decorrem durante a manhã, no último dia do XIII Congresso, que decorre desde sábado em Aveiro, sob o mote "Por carreiras dignificadas e atrativas".

João Dias da Silva assumiu a liderança da FNE em 2004 e, no setor da Educação, é o líder sindical há mais tempo no cargo (Mário Nogueira é secretário-geral da Fenprof desde 2007), tendo negociado com oito ministros diferentes ao longo de quase duas décadas.

Nos últimos meses, tem aberto caminho para o sucessor mais provável: Pedro Barreiros. O atual vice-secretário-geral e presidente do sindicato da Zona Norte tem representado a federação sindical nas reuniões negociais com o Ministério da Educação desde setembro e é quem fala pela FNE na maioria das ocasiões.

A Federação congrega 10 sindicatos - quatro no continente, dois nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, três de não docentes e o Sindicato dos Professores das Comunidades Lusíadas.

Licenciado em filosofia românica pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Dias da Silva entrou para o ensino em 1972 e, depois de ter sido convidado para integrar a direção do Sindicato dos Professores da Zona norte, chegou à liderança executiva da federação em 2004.

Numa entrevista à agência Lusa, em fevereiro, fez um balanço do seu percurso pela FNE e, olhando para os 19 anos à frente da federação, considerou que a contratação e colocação de professores, uma matéria que esteve a ser recentemente negociada com o Ministério da Educação, era uma daquelas em que seria mais difícil reunir consenso.

Por outro lado, disse ver a atual mobilização e contestação dos professores, com greves e protestos de forma quase ininterrupta desde o final do ano passado, sobretudo como fruto insatisfação de muitos anos, em matérias laborais e salariais.

Tendo-se cruzado com oito ministros da Educação, diz que foi Tiago Brandão Rodrigues aquele com quem foi mais difícil lidar, "porque se refugiou na ausência de disponibilidade para conversar".

Das lutas que travou enquanto dirigente sindical, coloca a vinculação de milhares de docentes e não docentes, o fim da divisão dos professores em duas categorias (professor e titular) e da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades para professores que já estão na carreira como algumas das principais conquistas.

À saída da sua liderança, deixa por concretizar a criação de uma carreira específica para os trabalhadores não docentes, além de outras matérias em cíclica negociação com o Governo.

Apesar dos `dossiers` que persistem legislatura após legislatura, João Dias da Silva encara o futuro da educação com otimismo: "Acho que vai ser possível superar estes problemas e que vamos poder ter uma profissão em que as pessoas se revejam e em que dê gosto trabalhar na escola".

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