Esta quinta-feira é o segundo e último dia da greve convocada pela Federação Nacional dos Médicos. A estrutura apontou para uma adesão de 90 por cento, a nível nacional, no primeiro dia desta paralisação por “salários dignos, horários justos e condições de trabalho capazes de garantir um Serviço Nacional de Saúde à altura das necessidades”.
“Os serviços mínimos foram cumpridos escrupulosamente e não houve qualquer tipo de problema”, acrescentou a responsável, segundo a qual aderiram à paralisação “praticamente 100 por cento” dos médicos internos.A adesão à greve no primeiro dia, precisou a Federação Nacional dos Médicos, foi de 95 por cento nos blocos operatórios e de quase 100 por cento nos centros de saúde.
Ouvida já esta quinta-feira pela Antena 1, Joana Bordalo e Sá adiantou que está a ser preparada uma nova proposta para entregar ao Governo. Na manhã de quarta-feira, diante do Hospital de Santa Maria, o vice-presidente da FNAM, João Proença, admitia à RTP que a organização poderia avançar com novas greves em agosto, durante a Jornada Mundial da Juventude. Estão ainda agendadas duas reuniões negociais com o Ministério da Saúde, para 7 e 11 de julho. Ainda assim, a FNAM optou por manter a greve, invocando o “adiar constante das soluções” e o que considera ser uma “proposta insatisfatória” por parte da tutela.
Também na quarta-feira, em Aveiro, o primeiro-ministro, António Costa, quis sustentar que a prioridade da atual legislatura é melhorar a eficiência do Serviço Nacional de Saúde, incluindo a valorização da carreira médica. A FNAM levou a cabo, em março, uma greve pela valorização da carreira e das tabelas salariais, que não contou com o Sindicato Independente dos Médicos. O SIM demarcou-se por entender que o protesto não deveria ter lugar enquanto decorressem negociações. Na semana passada, esta organização sindical acabou por anunciar também uma greve para os dias 25, 26 e 27 de julho, denunciando “a incapacidade” do Governo para “apresentar uma grelha salarial condigna”.
“Serviços mínimos foram excecionais”
Marcelo Rebelo de Sousa, que na quarta-feira sofreu uma indisposição, tendo sido transportado para o Hospital de Santa Cruz, referiu-se à greve dos médicos ao receber alta desta unidade, para afirmar que os serviços mínimos “foram excecionais”.
A hospitalização temporária, observou o presidente da República, “calhou num mau dia”. Questionado sobre eventuais efeitos da paralisação, o chefe de Estado sublinhou que “estavam os serviços mínimos e os serviços mínimos, felizmente, foram excecionais, excecionais, o que mostra que o SNS e os médicos em particular, mesmo em greve, de facto, cumprem os serviços mínimos”. “Deixem-me agradecer a este hospital. É uma prova da excelência do Serviço Nacional de Saúde. Não me ocorreu outra solução se não esta e estou muito grato, porque correu muito bem, muito bem, muito bem”, insistiu.
Pouco antes das 16h00, a assessoria de comunicação da Presidência revelou que “o presidente da República teve uma indisposição após uma visita na Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa e foi ao Hospital de Santa Cruz por precaução”. Marcelo Rebelou de Sousa deixou o hospital cerca das 20h00.
c/ Lusa