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Ficheiro secreto de espião nazi português divulgado pelos Arquivos Nacionais britânicos

por © 2009 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Londres, 03 Mar (Lusa) - Ficheiros secretos britânicos divulgados recentemente mostram como um espião nazi português foi apanhado no alto mar antes de conseguir avisar a Alemanha que uma frota aliada se preparava para invadir o Norte de África.

Londres, 03 Mar (Lusa) - Ficheiros secretos britânicos divulgados recentemente mostram como um espião nazi português foi apanhado no alto mar antes de conseguir avisar a Alemanha que uma frota aliada se preparava para invadir o Norte de África.

Trata-se de um episódio pouco conhecido que mudou o curso da Segunda Guerra Mundial e que envolve Gastão de Freitas Ferraz, o operador de rádio de navio hospital de apoio à pesca de bacalhau, que secretamente informava os alemães sobre o movimento de navios aliados no Atlântico Norte.

A história da sua captura, uma semana antes da invasão por tropas norte-americanas e britânicas, está incluída em documentos dos serviços de segurança do MI5 agora divulgados pelos Arquivos Nacionais do Reino Unido.

O historiador Christopher Andrew, da Universidade de Cambridge, considerou que o ficheiro "muda o entendimento da história britânica" e oferece informação nova dos serviços secretos do país na luta contra os nazis.

A 08 de Novembro de 1942, tropas britânicas e norte-americanas sob o comando do general Dwight D. Eisenhower desembarcaram em Marrocos e na Argélia, que estavam ocupados por tropas da Alemanha e do regime francês pró-nazi de Vichy.

As tropas francesas foram rapidamente dominadas, mas as alemãs, sob o comando do general Erwin Rommel, resistiram aos aliados. Após violentas batalhas no deserto que duraram até 1943, os alemães foram derrotados. Foi um momento de viragem na guerra que ajudou nos planos para a invasão do Dia D em 1944.

Mas tudo podia ser diferente se Freitas Ferraz não tivesse sido capturado.

Portugal era neutral durante a guerra, mas os ficheiros revelam que em 1942 os espiões britânicos começaram a suspeitar do "comportamento anormal" de navios de pesca portugueses, incluindo de alguns com equipamento de comunicações elaborado.

O navio de Freitas Ferraz, o Gil Eanes, "navio mãe da Frota Branca", como era designado, foi alvo de buscas quando estava no porto de St. John, na Terra Nova, e o MI5 decidiu que o operador de rádio devia ser detido.

Uma série de erros impediu que a detenção fosse feita rapidamente e o navio Gil Eanes partiu para Portugal, tendo os responsáveis britânicos tomado a decisão arriscada de o interceptar no alto mar.

Freitas Ferraz foi detido num ataque ousado a meio do Atlântico por parte do navio britânico HMS Duke of York a 01 de Novembro de 1942 e levado primeiro para Gibraltar e depois para o Reino Unido para ser interrogado.

O ficheiro do MI5 inclui um depoimento biográfico na primeira pessoa e a confissão.

O português recebia 15.000 escudos por mês para informar os alemães do movimento das frotas aliadas e unidades aéreas. O ficheiro assinala que o seu trabalho lhe dava a "cobertura perfeita".

Freitas Ferraz foi deportado para Portugal em 1945. Em 1953, o seu nome é incluído numa lista de deportados que deixavam de estar proibidos de se deslocar ao Reino Unido por razões de segurança. Em 1955, o seu ficheiro foi considerado encerrado.

PAL.

 

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