O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Fernando Ruas, desafiou hoje o ex-Presidente da República Mário Soares a revelar os nomes dos autarcas corruptos que conhece.
Fernando Ruas reagia a declarações do ex-presidente, segunda-feira à noite no programa televisivo "Prós e Contras", da RTP. Mário Soares afirmou que "faz-se muito elogio do poder local, mas passa hoje muita corrupção" por ele.
"O poder local tem sido responsável por muitas das coisas que se atiram neste momento contra o Estado. Isso tem de dar uma volta e os partidos têm de ser responsáveis quanto às escolhas que fazem em relação aos candidatos às autarquias", acrescentou Mário Soares.
Em declarações à Agência Lusa, Fernando Ruas considerou que estas afirmações "são graves saídas da boca de qualquer pessoa, mas muito mais da dele", contando que "todos os elementos do Conselho Directivo da ANMP (que reuniu hoje de manhã), incluindo os da sua família partidária (PS), ficaram indignados".
Na opinião do autarca social-democrata, presidente da Câmara Municipal de Viseu, "se ele (Mário Soares) conhece algum caso, uma vez que está em situação privilegiada, tem o direito e o dever indeclinável de vir a lume dizer quem são os corruptos".
"Como ex-Presidente da República tem responsabilidades acrescidas. Por outro lado, conviveu de muito perto com um presidente de Câmara, o seu filho (João Soares), e quem o sucedeu também já foi autarca ilustre (Jorge Sampaio). Gostaria de saber se por acaso estava a falar de algum deles", disse.
Fernando Ruas considera que as afirmações de Mário Soares são ainda mais graves porque "foram pensadas".
"Quando a jornalista lhe disse que era preciso coragem para dizer aquilo, ele disse que a tinha. Pois também nós agora temos coragem para lhe dar a resposta. Ele generalizou, mas desafio-o a apontar, a dizer a quem se está a referir, se conhece algum caso até da sua convivência pessoal", sublinhou.
O líder da ANMP referiu que são conhecidos "três ou quatro casos de corrupção de autarcas no país, alguns deles por provar", mas realçou que "não se pode confundir a árvore com a floresta".
"Este é um problema transversal à sociedade, também há corrupção noutros organismos", frisou.