Santo Tirso, 11 dez (Lusa) - O deputado do PS Manuel Pizarro afirmou hoje que "seria um gravíssimo erro" encerrar a Urgência do Hospital de Santo Tirso, alertando que a medida prejudicaria a qualidade do serviço prestado aos doentes e provocaria gastos acrescidos.
"Seria um gravíssimo erro, é uma hipótese que eu nem quero colocar", referiu Pizarro, garantindo que se o Governo avançar com a decisão terá uma "oposição total do PS e seguramente também da população e da Câmara".
Falando no final de uma visita àquele hospital, Pizarro, médico que já ali trabalhou durante anos, sublinhou que aquela urgência serve uma população de mais de 100 mil pessoas, dos concelhos de Santo Tirso e Trofa, e que por ano atende 30 mil.
Como alertou, o encerramento obrigaria a que o atendimento dos casos de urgência fosse feito noutros hospitais, "em piores condições, com mais tempos de espera e com mais tempo para chegar ao hospital".
"Nem do ponto de vista económico o encerramento seria um ato de gestão inteligente", acrescentou, lembrando que a medida obrigaria a "aumentar os gastos", quer no hospital de Famalicão, para onde seriam transferidos os doentes de Santo Tirso e da Trofa, quer no hospital de Santo Tirso, para assegurar o seu funcionamento noturno.
Como explicou, o fecho da Urgência "obrigaria a contratar profissionais para assegurar o funcionamento de um conjunto de serviços de apoio ao hospital que neste momento são assegurados" por aquela valência.
Destacou que "as instalações são excelentes, os equipamentos são modernos e satisfação das populações é grande", para vincar que "não há nenhuma razão demográfica ou de planeamento em saúde" que justifique o encerramento.
"Espero que o Ministério da Saúde não se esqueça que é Ministério da Saúde. Se pensar dessa maneira, esta urgência não fecha de certeza", concluiu.
O Hospital de Santo Tirso integra, conjuntamente com o de Famalicão, o Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA).
Em Santo Tirso, funciona um serviço de urgência básica e uma ambulância de suporte imediato de vida (SIV), enquanto que em Famalicão há uma urgência médico-cirúrgica e uma VMER.
O presidente do Conselho de Administração do CHMA admitiu que o fecho da urgência de Santo Tirso consta de "alguns documentos" tornados públicos, mas garantiu que oficialmente não tem conhecimento de qualquer intenção ou decisão naquele sentido.
"Nada nos faz pensar que isso possa acontecer", disse José Maria Dias, sublinhando que o CHMA tem "níveis altos de qualificação no acesso da população e contas equilibradas".
A vice-presidente da Câmara de Santo Tirso, Ana Maria Ferreira, lembrou que o hospital inaugurou em 2009 obras de remodelação orçadas em 2,5 milhões de euros e alertou para os "custos sociais" que o fecho da Urgência teria, nomeadamente para as populações mais afastadas.
"Não faz sentido absolutamente nenhum encerrar a Urgência", afirmou.