Farmacêuticos do SNS em greve nacional reclamam "processo negocial sério"

por Carlos Santos Neves - RTP
João Marques - RTP

Os farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde voltam esta terça-feira à greve, num protesto que abrange todo o país. Em causa estão a contagem integral do tempo de serviço, a falta de recursos humanos e as progressões na carreira. O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos exige um "processo negocial sério" com o Ministério de Manuel Pizarro.

Foi em julho que o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) entregou o último pré-aviso de greve, que incluía paralisações de alcance nacional, a 24 de julho e a 19 de setembro, e distritais, a 5 e a 12 de setembro.

A greve de 5 de setembro abrangeu os farmacêuticos dos distritos de Beja, Évora, Faro, Lisboa, Portalegre, Santarém e Setúbal e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira. No dia 12, pararam os profissionais de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo, Vila Real, Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.O SNF reivindica a atualização das grelhas salariais, a contagem integral do tempo de serviço no Serviço Nacionao de Saúde, tendo em vista a promoção e progressão na carreira, a adequação do número de farmacêuticos às necessidades do serviço público e o reconhecimento do título de especialista por parte da tutela.

"Contrariamente ao que se verifica com outras estruturas sindicais da área da saúde, que têm mantido negociações com o ministério mesmo com protestos e greves agendadas e a decorrer, a reunião agendada com o SNF para 2 de junho foi adiada", apontou a estrutura sindical ao emitir o pré-aviso de greve.

Os farmacêuticos haviam já cumprido três dias de greve em junho, pelas mesmas razões. Em janeiro deste ano, uma reunião com o Ministério da Saúde foi avaliada pelo sindicato como uma "absoluta desilusão". Os encontros subsequentes não produziram resultados.

Ouvido esta manhã pela RTP, o presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos sublinhou que as razões para a contestação por parte destes profissionais têm décadas. "Durante 30 anos, tentámos negociar com o Ministério e nunca recorremos à greve como medida de luta. Mas efetivamente, depois de 30 anos a tentar fazer as coisas a bem, percebemos que com este Governo e esta maioria absoluta, não adianta", acrescentou Henrique Reguengo.
Questionado sobre as principais preocupações da estrutura sindical, o sindicalista apontou "a falta de farmacêuticos no Serviço Nacional de Saúde".

"Estamos em mínimos todos os dias. Isso reflete-se obviamente não só nos profissionais, que estão sobrecarregados, mas também nos próprios utentes, porque nos obriga a trabalhar sobrecarregados e porque há uma série de serviços e de atividades que os farmacêuticos poderiam fazer em prol do doente e não podem porque não há gente", acentuou.

"Depois temos efetivamente um problema de atratividade da carreira", rematou o presidente do Sindicato dos Farmacêuticos.

c/ Lusa
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