Exploração de imigrantes e captura ilegal de bivalves. Detidos enfrentam interrogatório

por RTP
Os quatro suspeitos, três portugueses e um vietnamita, terão sido detidos logo no primeiro dia da operação que decorreu na margem sul do Tejo Rui Cardoso - RTP

Os quatro detidos na operação que decorreu nos concelhos de Alcochete e Montijo são submetidos esta sexta-feira ao primeiro interrogatório judicial no Tribunal do Barreiro. Trata-se de três portugueses e um vietnamita. As diligências, encabeçadas pela Polícia Marítima, incidiram sobre suspeitas de tráfico humano e a captura ilícita de bivalves no Tejo.

Os suspeitos terão sido detidos logo na quarta-feira, primeiro dia da operação que teve lugar nos concelhos de Alcochete e do Montijo.

A Autoridade Marítima Nacional fez saber na quinta-feira que foram constituídos dez arguidos e identificados 240 imigrantes. As autoridades apreenderam ainda mais de meio milhar de comprimidos de metanfetaminas, duas armas brancas, 15 viaturas e sete motores fora-de-bordo, um empilhador, provas documentais, equipamentos de escolha e acondicionamento de bivalves e 71 mil euros.
Segundo a Autoridade Marítima, a operação desta semana foi o culminar de mais de dois anos de uma investigação levada a cabo pela Unidade Central de Investigação Criminal da Polícia Marítima. As diligências passaram pela execução de mais de 30 mandados de busca, apreensão e detenção em flagrante delito em Setúbal, Almada, Montijo e Samouco, no concelho de Alcochete.

Durante a tarde de quinta-feira, dezenas de imigrantes retornaram ao local de onde haviam sido, na véspera, retirados. As autoridades suspeitam de que os migrantes tenham sido instigados a agir neste sentido.
De acordo com os presidentes das Câmaras Municipais de Alcochete e do Montijo, Fernando Pinto e Nuno Canta, ouvidos pela agência Lusa, mais de metade das 249 pessoas identificadas ficaram temporariamente alojadas em instalações dos Bombeiros Voluntários do Montijo e no pavilhão gimnodesportivo do Samouco.A operação envolveu a Polícia Marítima e elementos da PSP, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, do Serviço de Informação e Segurança, da Autoridade Tributária, da ASAE e congéneres europeias, além da Europol.


“Nós temos mais de 80 imigrantes que foram detetados pelas autoridades policiais e que foram acolhidos, temporariamente, num centro de acolhimento temporário, diria mesmo muito temporário, no Pavilhão Desportivo dos Bombeiros Voluntários do Montijo”, afirmou Nuno Canta, admitindo que o espaço “não tem as condições adequadas para que os imigrantes ali permaneçam por muito tempo”.

“Estamos a aguardar pela intervenção da Segurança Social para que encontrem soluções para as pessoas que estão temporariamente alojadas no Pavilhão Desportivo dos Bombeiros Voluntários do Montijo”, indicava na quinta-feira o autarca.

Para o gimnodesportivo do Samouco foram transportadas mais de 80 pessoas. O autarca Fernando Pinto revelou que a Câmara desconhecia a operação, pelo que foi confrontada com a necessidade urgente de encontrar soluções de acolhimento – 84 imigrantes passaram a primeira noite no pavilhão e na quinta-feira à tarde apenas 54 ali permaneciam.

“As pessoas estão a ser tratadas com dignidade dentro do que é possível fazer por parte do município”, apontou o presidente da Câmara de Alcochete.

c/ Lusa
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