O ex-diretor da Direção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) defendeu hoje que a fuga de cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus, em Alcoentre, não se ficou a dever a uma alegada falta de guardas prisionais.
Numa audição realizada na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, na Assembleia da República, Rui Abrunhosa Gonçalves considerou a fuga "muitíssimo grave", mas salientou que os 33 guardas prisionais ao serviço no dia 07 de setembro, naquele estabelecimento prisional, eram o contingente habitual.
"O número de guardas que existiam era o número que estava mais do que estipulado para as funções. Há muito que já estava assim desde a reorganização dos turnos feita em 2017. Tirando esta fuga, nunca houve outra fuga em mais de 24 anos", afirmou o ex-diretor da DGRSP, que apresentou a demissão na sequência deste caso, resumindo: "Esta fuga tem a ver também com aquilo que os delinquentes fazem - verificar as atividades rotineiras".
Apesar de ter recusado atribuir culpas diretamente aos guardas prisionais pela fuga, Rui Abrunhosa Gonçalves não deixou de indicar que é necessário investigar a situação.
"Eu não ponho em causa o brio dos guardas prisionais; agora, é preciso apurar responsabilidades: se alguém não fez o que devia ter feito ou se fez tardiamente", observou.
Cinco reclusos fugiram no dia 07 de setembro do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa.
Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.
Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.