Renato Seabra, o jovem modelo suspeito de ter assassinado Carlos Castro continua em avaliação psiquiátrica pelas autoridades norte-americanas. Notícias publicadas este domingo dão conta de que na origem da tragédia estará um profundo descontentamento de Renato Seabra em relação a oferendas que esperaria do conhecido colunista. Em Portugal, a mãe do jovem não acredita que o filho tivesse sido capaz de matar o cronista.
Ellen Borakove, porta-voz do gabinete de medicina legal de Nova Iorque, anunciou este domingo que a morte do colunista social português Carlos Castro foi causada por agressões na cabeça e estrangulamento.
O relatório do médico legista aponta "lesões causadas por impacto violento" e "compressão no pescoço" como causas da morte de Castro, na sexta-feira, num hotel de luxo em Nova Iorque.
Se quaisquer dúvidas sobre as causas da morte estão afastadas pelo resultado da autópsia, as motivações psicológicas não estarão ainda completamente estabelecidas e Renato Seabra continua no Bellevue Hospital em Nova Iorque em avaliação psiquiátrica.
Sabe-se entretanto, que o corpo de Carlos Castro ficará na cidade de Nova Iorque, cidade pela qual o colunista sempre foi um apaixonado.
De táxi para o hospital
Eram 19h00 locais quando Renato Seabra abandonou o hotel Intercontinental, em Nova Iorque, onde estava alojado desde o dia 29 de dezembro de 2010 com Carlos Castro a quem acompanhou à “cidade que nunca dorme” para celebrar a passagem de ano.
Por volta das 23h00, apanhou um Yellow Cab a cujo condutor pediu para o conduzir ao Hospital Roosevelt. Renato Seabra deslocou-se ao hospital para tratar ferimentos na cara e nos braços.
A polícia de Nova Iorque, entretanto convencida de que o jovem modelo suspeito de ter assassinado o jornalista português ia tentar apanhar o avião da Continental para o qual tinha bilhete para fugir, ainda atrasou a descolagem.
Entretanto, a fotografia do jovem era profusamente transmitida pelos vários canais de televisão. O motorista de táxi calhou ver a fotografia e logo reconheceu o jovem que lhe entrara horas antes na viatura. Dai a telefonar à polícia foi um instante. À polícia deu conta de ter achado o jovem que transportara “nervoso” e “agitado”.
Por sua vez, no hospital o jovem Renato Seabra foi atendido numa primeira triagem por uma jovem enfermeira. Também ela reconheceu o paciente como sendo aquele que era procurado pela polícia através da foto que viu num canal de televisão. Também ela alertou de imediato a polícia a quem telefonou dizendo que o rapaz que procuravam se encontrava na sala de espera do hospital.
Pouco depois da meia-noite local (8h00 de Lisboa) o jovem era detido no hospital Roosevelt pela polícia de Nova Iorque e transferido de imediato para o Bellevue Hospital para avaliação psiquiátrica onde ainda se encontra.
Expectativas goradas de prendas terão sido o móbil do crime
De imediato a polícia ouviu Mónica Pires durante largo tempo, porque foi ela que ao aperceber-se que algo se passava com Carlos Castro e por ter sido a ultima pessoa a falar com Renato Seabra quando este abandonava o hospital. Outras testemunhas foram entretanto também ouvidas.
A polícia já tem algumas teorias formadas, e os órgão de comunicação social norte-americana, que acompanham com interesse este caso, começam a dar conta de algumas pistas deixadas pela investigação criminal.
De acordo com a polícia, Renato Seabra terá acompanhado Carlos Castro a Nova Iorque para comemorar nessa cidade a passagem do ano. Renato, no entanto, estaria convencido que essa viagem se destinaria a fazer compras, o que não se teria concretizado, pelo que o jovem ter-se-á sentido enganado.
O Jornal The New York Daily News dá conta na sua edição deste domingo, precisamente desse descontentamento. As autoridades norte-americanas, que investigam o caso, estão convencidas, de acordo com o jornal, que o jovem modelo acompanhava Carlos Castro unicamente pelos presentes e que terá atacado o colunista precisamente por este não ter sido mais generoso. “Ele conseguiu que (Castro) lhe pagasse a viagem a Nova Iorque e queria que ele promovesse a sua carreira e lhe comprasse coisas”, avança a mesma fonte ao jornal.
Ainda de acordo com informações libertadas pela polícia, Carlos Castro terá sentido alguns ciúmes quando viu o jovem modelo, que pouco tempo antes de se viajar para Nova Iorque se assumira como heterossexual recusando qualquer ideia de homossexualidade, namoriscar com algumas raparigas locais.
As discussões do casal que pernoitava no mesmo quarto do 36 andar do hotel intercontinental, eram permanentes e repetiram-se ao longo do tempo em que permaneceram na cidade. Várias vezes, hóspedes de quartos confinantes ouviram essas mesmas discussões. Terão mesmo ouvido o jovem modelo português gritar "eu não sou homossexual, faço isto apenas pelo dinheiro", segundo dá conta o Correio da Manhã na sua edição deste domingo.
Essas discussões ter-se-ão agravado e no dia da tragédia e Renato Seabra terá pegado num portátil e com ele agredido Carlos Castro na cabeça. Um copo de vidro terá ainda sido utilizado para mutilar o colunista. Durante a refrega, Renato ter-se-á ferido na cara apresentando também feridas profundas nos pulsos, mas estas poderão ter sido feitas pelo próprio em altura posterior.
O receio de dormir no mesmo quarto com Renato Seabra
Surgem também entretanto informações pelo mesmo jornal de que Carlos Castro teria recentemente confidenciado a Vanda Pires, ex-mulher do também jornalista português Luís Pires, que “tenho medo de dormir com ele” no mesmo quarto. “Antecipei o meu regresso a casa porque ele se tem comportado de forma estranha”, terá acrescentado o colunista.
Mãe acredita na inocência de Renato Seabra
Quem não acredita na culpabilidade de Renato Seabra é a sua mãe, Otília Pereirinha. já se encontra em Nova Iorque para poder acompanhar o seu filho. À partida e ainda no aeroporto falou à comunicação social a quem transmitiu a sua convicção de que o seu filho não seria capaz de matar Carlos Castro.
“O meu filho sendo um filho de ouro, ele é muito bom, ele não fazia isso”, afirma Otília a uma estação de televisão.”O meu filho não era namorado do Carlos Castro. Ele desde o primeiro instante nunca escondeu a sexualidade dele, que é heterossexual”, apontou a mãe de Renato Seabra citada pela TVI.
Otília Pereirinha recusa a informação posta a correr de que terá sido Carlos Castro a pagar os estudos de Renato Seabra. “O meu filho é licenciado, quem lhe pagou os estudos fui eu. Eles conheceram-se há uns meses, através do Facebook, ele pediu amizade ao meu filho. Quis ajudá-lo, viu nele um pai que nunca teve”, explica a mãe do jovem.
Otília está preocupada com o seu filho. Denuncia mesmo que algo de grave se deve ter passado nos últimos dias pois seu filho dizendo que não dormia. “O meu filho ligava-me 3 e 4 vezes por dia, nos últimos dias dizia que não dormia. Algo de muito grave se passou, vou fazer diligências para o trazer para Portugal o mais depressa possível”, conclui.