Um estudo do Tâmega e Sousa encomendado a três universidades, revelado esta sexta-feira, prevê uma subida de temperatura no território de dois a três graus nas próximas décadas, com prejuízos na economia, perda de população e mais incêndios.
De acordo com o Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas no Tâmega e Sousa, os termómetros subirão em termos médios entre dois e três graus centígrados no período de análise, entre 2041 e 2070, com uma tendência acentuada nos territórios mais afastados do litoral e de altitude.
As previsões foram realizadas pela equipa multidisciplinar que realizou aquele trabalho, envolvendo especialistas das universidades do Porto, Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro.
Os técnicos presentes na apresentação previram que haverá naquele período mais dias com temperaturas superiores a 25 graus, menos precipitação ao longo do ano, com eventos extremos no inverno, e que os rios Tâmega e Sousa vejam o seu caudal médio diminuído face aos registos atuais.
Previram, ainda, que haja mais incêndios florestais e que a área ardida possa triplicar, face a verões mais secos e prolongados.
Ainda no domínio dos cenários, aponta-se para impactos negativos na fauna e flora, com o desaparecimento de espécies mais dependentes das zonas húmidas e maior risco de proliferação de espécies exóticas invasoras, sobretudo nas áreas e montanha.
A população no conjunto dos 11 municípios deverá manter a tendência de decréscimo, sobretudo nos concelhos mais afastados do litoral, como Resende, Cinfães e Baião, em linha com a percentagem de 5% a 14% prevista para o conjunto da região norte, até 2040.
Na área da economia, o setor primário será o mais afetado com as alterações climáticas, sobretudo a viticultura, com grande importância no território, prevendo-se a necessidade de maiores quantidades de água de rega para assegurar valores de produção equivalentes aos atuais. Acentuar-se-á, também, a procura por terrenos de cultivo com maior altitude, para compensar a subida das temperaturas médias.
O estudo académico deixa, ainda, algumas sugestões de medidas a tomar para mitigar o impacto das alterações climáticas no território, nomeadamente a criação de um Sistema de Avaliação de Adaptação Socioeconómico e elaboração de um Plano de Adaptação às Alterações Climáticas, entre outras medidas.
No encerramento da apresentação, que se realizou em Penafiel, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, Armando Mourisco, assinalou o caráter "inovador" daquele plano em termos nacionais e reforçou a importância que terá para os municípios, empresas e cidadãos.
Perante representantes políticos de vários municípios, o autarca de Cinfães acentuou que as alterações climáticas são um tema que "deve ser tratado com responsabilidade por todos", com medidas assentes "em instrumentos com um rigor científico enorme", como o estudo hoje apresentado, indicou.