Estudo português aponta para uma "visão positiva" das famílias homossexuais
Braga, 13 Nov (Lusa) - Um estudo sobre a forma como em Portugal a sociedade vê as famílias homoparentais aponta para uma "visão muito positiva", disse à Lusa o responsável pela investigação.
"De uma forma geral, os futuros técnicos das áreas sociais têm atitudes muito positivas perante a homoparentalidade", disse à Lusa Jorge Gato, investigador na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Autor da primeira tese de doutoramento realizado em Portugal sobre homoparentalidade, Jorge Gato, no trabalho que está a desenvolver, concluiu que as atitudes dos técnicos são "ainda mais positivas nos casos em que a homoparentalidade é feminina".
O estudo pretende saber qual a atitude dos técnicos psicossociais como professores, médicos e assistentes sociais.
"Pretendo saber o que pensam os alunos destes cursos que, futuramente, vão trabalhar directamente com todo o tipo de famílias", referiu.
"Nos movimentos liberais e nos meios académicos, já se começa a falar neste assunto mas ainda é encarado como um tema com algum melindre", frisou o investigador Jorge Gato.
Em Portugal, é ainda "muito difícil falar de famílias gays ou lésbicas porque não há números reais. As famílias existem, mas são algo de invisível", disse.
Os estudos existentes foram, sobretudo, realizados nos Estados Unidos e demonstram que não há diferenças entre as competências parentais de pais homossexuais e heterossexuais.
"Também não existem diferenças entre as crianças criadas em famílias homoparentais e as que são criadas em outro tipo de famílias", disse o investigador.
"O maior medo das famílias onde existe a homoparentalidade não é o acto de se assumirem como tal, mas o receio de que as crianças possam vir a ser descriminadas pela sociedade", finalizou Jorge Gato.
Os dados provisórios do estudo vão ser apresentados na noite de sexta-feira, no Ciclo de Cinema Feminista de Braga, organizado pela UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta.
Com a exibição de três filmes, nos dias 13 de Dezembro, 27 de Novembro e 11 de Dezembro, no Estaleiro Cultural Velha a Branca, a UMAR quer debater a homoparentalidade, o aborto e a arte feminista.
O primeiro filme, "If these walls could talk II", realizado por Jane Anderson, Martha Coolidge e Anne Heche e com interpretações de Vanessa Redgrave e Ellen Degeneres, dará início ao debate sobre as configurações familiares em que pelo menos um dos intervenientes é homossexual.
"Temos como objectivo desmistificar conceitos, a começar pelo próprio conceito de feminismo", disse Carla Cerqueira, fundadora do núcleo da UMAR em Braga.
"O feminismo actual, é uma feminismo plural e não uma coisa de mulheres contra os homens", referiu.
O ciclo de cinema é a primeira "grande acção pela causa feminista", salientou Carla Cerqueira, destacando que o primeiro filme a ser exibido "retrata a realidade da homoparentalidade".
EYM
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