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"Esclarecer se houve ou não falhas". Ministra remete respostas sobre fogos para futuro relatório

por RTP

Foto: João Santos Costa - RTP

Cinco dias depois, a ministra da Administração Interna falou sobre os incêndios, mas recusou responder sobre se houve falhas ou erros no combate. Margarida Blasco afirmou, na quinta-feira, que haverá um relatório e só então admite discutir o assunto.

Questionada sobre se não se sente fragilizada pelo facto de o primeiro-ministro ter assumido a liderança do processo, a responsável sublinhou que Luís Montenegro fala em nome do Governo.

Margarida Blasco quis explicar o silêncio que manteve nos últimos dias com o conselho das autoridades para "que não haja intervenções desadequadas e desnecessárias no teatro de operações".

"Aconselham que não haja intervenções e presenças desadequadas nos teatros de operações, por ser o tempo de informar sobre os pontos de situação ou recomendações necessárias. Foi o que fizemos", sustentou a governante, durante uma conferência de imprensa na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, em Carnaxide.

Blasco afirmou haver "tempo para prevenir", "para agir", "para acompanhar funerais": "E, finalmente, há o momento, como este, para falarmos ao país".A titular da pasta da Administração Interna manifestou "profundo e sentido pesar" às famílias das vítimas mortais dos incêndios, desde logo dos bombeiros que perderam a vida.


"Ainda temos fogos neste momento, portanto, no final quando estivermos a fazer o rescaldo, quando se fizer o ponto da situação, faremos o relatório e, como sempre, apreenderemos e iremos e estaremos à vossa disposição para esclarecer se houve ou não houve falhas, se tudo correu bem, mas isso tem também o seu tempo", declarou.

Margarida Blasco anunciou que a equipa multidisciplinar equipa multidisciplinar coordenada pelo ministro adjunto e da Coesão Territorial vai reunir-se na próxima segunda-feira, a partir das 15h30. O encontro será presidido pelo primeiro-ministro e vai contar com as presenças da procuradora-geral da República, das ministras da Justiça e da Administração Interna, do diretor nacional da Polícia Judiciária, do comandante-geral da GNR e do diretor nacional da PSP.

"Havendo a convicção de que muitos destes incêndios têm origem criminosa, há que destrinçar entre aqueles que eventualmente sejam negligentes, dos outros que possam configurar a existência de uma associação criminosa. E esta investigação tem de ser feita e com a colaboração entre todas as autoridades judiciárias e órgãos de polícia e de investigação criminal", vincou a ministra da Administração Interna.
Arderam 121 mil hectares

Os incêndios que lavram desde domingo, assinalou ainda Margarida Blasco, foram enfrentados pelo "maior dispositivo de combate alguma vez mobilizado".

Sete pessoas morreram e outras 161 sofreram ferimentos durante os incêndios que, desde domingo, assolaram as regiões norte e centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra. Dezenas de casas foram consumidas pelas chamas - a Proteção Civil regista cinco mortos, excluindo dois civis que morreram de doença súbita.

De acordo com o sistema europeu Copernicus, a área ardida em Portugal continental é superior a 121 mil hectares. No norte e no centro, arderam mais de 100 mil hectares, o que corresponde a 83 por cento de toda a área ardida.

Ao início da manhã desta sexta-feira, a situação apresentava-se mais calma. Mas havia ainda fogos ativos, apesar da ajuda da chuva. Em Castro Daire, as chamas ainda não haviam sido dominadas, com o combate a mobilizar mais de 700 operacionais. Já o incêndio de Penalva do Castelo encontrava-se em fase de resolução, à semelhança de Arouca.O efetivo operacional no terreno somava esta manhã quase dois mil bombeiros, apoiados por 830 meios terrestres e cerca de 25 meios áereos.

O Governo declarou a situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios. Esta sexta-feira é dia de luto nacional.

c/ Lusa
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