Entrevista Antena 1. Rosário Farmhouse admite dificuldades no sistema de proteção de menores

por Sandra Henriques - Antena 1

Sandra Henriques - Antena 1

A presidente cessante da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, Rosário Farmhouse, admite que ainda há dificuldades no sistema de promoção e proteção das crianças e jovens em perigo depois de sete anos de trabalho à frente da estrutura.

Em entrevista à Antena1 na véspera de sair do cargo, Rosário Farmhouse aponta alguns aspetos que gostaria de ver alterados. "Ainda há algumas dificuldades. Os recursos não são muitos, portanto os serviços do Estado ainda têm algumas dificuldades em dispor dos recursos que deviam (ter), naturalmente, para cumprir, por exemplo os tempos de afetação", diz Rosário Farmhouse, referindo-se ao tempo que é dado para estarem a trabalhar nas comissões.

No final de sete anos como presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, Rosário Farmhouse confessa que "gostava muito que a lei de promoção e proteção pudesse mesmo ser posta em prática na sua plenitude, não só com o cumprimento dos tempos de afetação, com a valorização do papel dos comissários e das comissárias junto das suas entidades de origem, com o perfil adequado das pessoas, com este olhar atento da composição".

"Temos muito boas práticas nalguns territórios, menos boas práticas noutros, mas (era bom) que pudesse haver uma boa prática a nível nacional em todos os territórios. Eu acho que ainda há um caminho a fazer, que infelizmente não foi tão possível, mas que espero que possa vir a ser feito", afirma.

Rosário Farmhouse defende ainda que não faz sentido que a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens não tenha acesso aos processos dos menores e tenham que pedir informações às 312 Comissões de Proteção de Crianças e Jovens do país sempre que precisam.

"Muitas vezes recebemos contactos de tribunais a perguntar se temos informação de determinada criança e a solução é escrever para as 312 comissões a saber quem é que tem esse processo e isso não é viável. Ainda temos aqui um caminho a fazer", refere.

A presidente cessante da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens aponta diferenças entre Portugal e outros países europeus. 

"Eu acho que por sermos originais, por sermos uma estrutura um bocadinho fora da caixa nem sempre é fácil depois encaixar na lei de proteção de dados, em concreto na lei de proteção de dados, que vejo que nos outros países é mais fácil, é mais possível. Aqui por vezes nós preocupamo-nos tanto em proteger os dados, mas nem sempre as pessoas, e tem que haver um equilíbrio", sublinha.
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